Presidente do Banco Central diz que as medidas são como “vender almoço para comprar metade do jantar” e criam má alocação de recursos
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, criticou as desonerações em entrevista à CNN Brasil nesta 3ª feira (30.abr.2024). O economista disse que, geralmente, é “contra esse tipo de política”.
“Desonerações são ruins. Geram uma má alocação de recursos na economia. Sou a favor em pensar em eliminar, mesmo que alguns setores precisem fazê-lo de forma faseada, de pensar em não ter desoneração, mas numa política mais uniforme, que distribua melhor os recursos”, afirmou.
Campos Neto relembrou ter sido contra a desoneração dos combustíveis, implementada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e reonerada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Citou indiretamente a desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia.
“Como você desinveste ao longo do caminho, você melhora no curto prazo, mas o que você recupera no longo prazo é menos do que o que você perdeu. É como se você vendesse o almoço para comprar metade do jantar porque no meio do caminho houve um processo de desinvestimento gerado por essa tentação, às vezes, de abaixar um preço no curto prazo”, declarou.
Na última semana, a equipe econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad levou a desoneração ao STF (Supremo Tribunal Federal) por meio da AGU (Advocacia Geral da União) para tentar a derrubada da medida.
O ministro Cristiano Zanin derrubou trechos da lei. Há 5 votos para manter a decisão. Luiz Fux pediu vista (mais tempo para a análise) e pausou o julgamento.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Durante a entrevista, Campos Neto também avaliou positivamente a reforma tributária. O presidente da autoridade monetária afirmou que a medida simplifica e remove distorções, o que ajuda no cenário econômico nacional.
Haddad entregou na 4ª feira (24.abr) o principal texto para regulamentar a mudança.
“É uma reforma muito difícil”, disse, citando o tempo que levou para ser o texto ser promulgado pelo Congresso Nacional. Foram cerca de 30 anos.
“Acho que a reforma é boa. Você nunca vai conseguir o mundo ideal, agora nessa fase inicial de regulamentação concordo que, de fato, há incertezas”, completou.