Carmen Carlet, especial para o JC*
Um prédio de 22 mil m² localizado no 4º Distrito, em Porto Alegre, sobressai-se e recebe o acesso de, aproximadamente, 1.700 pessoas diariamente. É o Instituto Caldeira que, inaugurado em 2021, trouxe um impacto positivo tanto para a região com mais segurança e multiplicação de negócios, como deu significado à nova economia no Rio Grande do Sul. Nascido com o intuito de promover conexão entre grandes empresas, startups, universidades e poder público, o hub e seus 480 associados geram um movimento transformador que fomenta o ecossistema de tecnologia e inovação.
Distrito figura como um dos mais importantes ambientes de economia criativa no Brasil
TÂNIA MEINERZ/JC
Idealizado em 2019, construído durante a pandemia e inaugurado em 26 de março de 2021, o Instituto Caldeira promoveu uma revolução na região do 4º Distrito, em Porto Alegre. De acordo com dados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), cerca de 15% do PIB gaúcho se relaciona de alguma forma com o instituto, que movimentou R$ 25 milhões no exercício de 2023.
Um dos hubs de inovação mais jovens do Brasil, o Caldeira é a concretização de um sonho coletivo de diferentes atores do ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul que queriam entregar à comunidade uma instituição de caráter privado que contribuísse para o fomento do empreendedorismo, da inovação e da tecnologia. Assim Pedro Valério, CEO, apresenta a instituição. “Temos um conjunto de produtos, serviços, programas e iniciativas que atendem aos diferentes públicos que querem se conectar com a nova economia”, define.
Três anos depois de sua inauguração, o distrito de inovação já figura como um dos mais importantes ambientes de economia criativa no Brasil e se prepara para crescer ainda mais: vai ocupar a estrutura dos antigos prédios da fábrica Tecidos Guahyba – um espaço com cerca de 33 mil m², sendo 21 mil m² de área construída – o que vai ampliar a área total para 55 mil m². A previsão é ocupação total da estrutura em até sete anos, com as primeiras empresas se instalando no novo espaço no primeiro trimestre de 2025. O investimento projetado na nova área é de cerca de R$ 120 milhões, aporte que virá de empresas e instituições vinculadas à própria comunidade Caldeira.
A revitalização de áreas urbanas por meio da criação de distritos de inovação tem sido uma estratégia adotada por diversas cidades ao redor do mundo, como Barcelona, Bolonha, Medellin, Recife entre outras. Isso acontece pelo potencial de inovação e desenvolvimento que essas áreas geográficas apresentam ao reunir em um mesmo espaço startups, incubadoras, aceleradoras e companhias. Nesses ambientes, a proximidade facilita a colaboração para o desenvolvimento de novas tecnologias, além de potencializar o networking e aumentar a demanda por comércios, restaurantes e imóveis na localidade em que se inserem.
Relembrando os primeiros passos do hub porto-alegrense, o CEO conta que aqui este desejo era liderado por Marciano Testa – fundador do Agibank – que manifestou inquietude de ter uma iniciativa privada para executar, promover e realizar frentes que apoiassem de forma efetiva o sistema empreendedor. Juntaram-se a esta visão nomes como o próprio Valério, Aod Cunha, Fred Renner, Marcelo Maisonnave entre outras lideranças empresariais gaúchas que começaram a desenhar como seria uma instituição com esse formato. “Visamos 42 grandes empresas gaúchas e apresentamos a ideia de criar uma associação”, relembra.
Com o projeto do hub de inovação já idealizado, encontraram a oportunidade de construir a sede do Caldeira em uma fábrica desativada de um dos empresários pertencentes ao grupo. Valério conta que, em 1918, A. J. Renner trouxe da Escócia duas grandes caldeiras para gerar energia para a empresa que estava construindo e também para Porto Alegre. “Essa história é incrível porque o instituto também quer promover nova energia para a força econômica, desenvolvimento social e oportunizar mais acesso à nova economia para os jovens”, destaca.
O local, com 22 mil m², foi completamente reformado, impactando positivamente a região ao redor, pois gerou a necessidade de implementação de comércios, busca por moradia e atenção à segurança pública. “Hoje temos a prova do que é possível alcançar quando se trabalha em conjunto para a transformação. O Instituto Caldeira faz sua parte, se conectando com organizações e hubs de inovação, com diversos parceiros para construir um ecossistema poderoso, que impulsiona a inovação e gera impacto”, comenta o dirigente.
A criação de um distrito de inovação passa pelo engajamento de diversos agentes. Na capital gaúcha, por exemplo, a convergência com o poder público fez com que a sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo se mudasse para dentro do Instituto Caldeira. Mas não é apenas fisicamente que iniciativa pública e privada estão confluindo. No início de 2023, o hub promoveu em parceria com o governo do Estado uma primeira fotografia do ecossistema gaúcho, por meio de um mapeamento – RS Tech – e que apontou aspectos inéditos até então.
Outro ponto que mostra a força desta aproximação com o poder público é a inauguração da extensão do Smart Policing Lab, o laboratório de inovação da Brigada Militar que busca o aprimoramento dos processos utilizados através da tecnologia e fatores inovativos. De acordo com Valério, a sinergia entre setor público e ecossistemas de inovação facilita a resolução de processos burocráticos, estimula a pesquisa e desenvolvimento, atrai investimentos e contribui para a formação de novos talentos.
RS Tech: crescimento de 78% na abertura de novas startups nos últimos cinco anos
RS Tech – estudo fruto da parceria entre o Instituto Caldeira e as secretarias de Inovação, Ciência e Tecnologia, Planejamento, Governança e Gestão, além de SebraeX, Reginp e AGS – mostrou que o crescimento do ecossistema gaúcho está acelerado:
78% das empresas entrevistadas foram fundadas nos últimos cinco anos, sendo que no ecossistema como um todo as empresas mais antigas têm no máximo dez anos.
68% das startups se concentram em healthtech, agtech, gestão de negócios, edtech, retail tech, serviços, biotech, construtech, greentech e foodtech;
No RS, as startups começam a faturar cedo, com 46% realizando o primeiro faturamento antes de completar seis meses.
72% das startups apresentam crescimento de faturamento superior a 20% ao ano;
44% das startups contam com equipes de seis ou mais funcionários;
Mestres e doutores estão presentes em 54% das startups gaúchas;
89% das startups gaúchas nascem com recursos próprios e, entre as que já realizaram investimentos, 50% começaram com até R$ 50 mil;
30% das startups têm ou já tiveram relação com aceleradoras;
72% não conhecem ou não buscaram acessar políticas públicas;
74% das startups nunca procuraram acessar recursos públicos ou privados;
Os desafios das startups gaúchas:
A principal dificuldade está em marketing e vendas (49%), seguida por gestão de planejamento para investimento e crescimento (31%);
55% sentem dificuldades para contratação de mão-de-obra, sendo as principais áreas programadores, desenvolvedores de apps, desenvolvedores de plataformas digitais, vendas, marketing, comunicação e mídias sociais, cientista de dados;
83% procuram conhecimento com algum ator do ecossistema gaúcho de inovação;
75% vendem para além do RS, mas 23% nunca fizeram uma transação internacional.
Suporte ao novo mercado é marca registrada de todo ecossistema
Giovanne Santos, gestor de comunidade no Clustergamers, é responsável pela arena de jogos
Divulgação / Instituto Caldeira / JC
Nos hubs de inovação, impulsionar e acelerar as startups é essencial para a consolidação de um ecossistema vibrante com ambiente propício para a inovação, implementação de novas tecnologias e ao surgimento de soluções criativas para os desafios urbanos. Em dois anos e meio com, praticamente 100% de ocupação dos espaços, o Caldeira além dos programas de aceleração e eventos, desenvolve uma plataforma educacional, o Nova Geração. “Quando se fala em fomentar o ecossistema empreendedor, precisamos falar essencialmente de talentos”, diz Valério ao apontar a menina dos olhos da instituição. O programa prepara e insere jovens talentos no mercado da tecnologia.
De acordo com o CEO, em 2023, 5.200 jovens participaram dos cursos online e destes, 200 foram selecionados para estudar internamente com direito a bolsa, conjunto de aulas, mentoria, ferramentas e conhecimento. Esta é a primeira iniciativa do Campus Caldeira, a plataforma de educação do IC, que além da qualificação técnica, propicia aos jovens capacitações para desenvolverem habilidades socioemocionais, tais como educação empreendedora. Eles têm possibilidade de capacitar-se em programação, gestão e vendas, marketing digital, UX/UI design. O programa conta com a parceria de bigtechs como Amazon Web Services (AWS), Google for education, Microsoft, Oracle, Salesforce e Nvidia.
Para ter acesso a este universo de possibilidades, o jovem deve ter entre 16 e 24 anos de idade no período do programa, estar cursando ou ter cursado o ensino médio em escola da rede pública (ou particular com bolsa) e ter interesse por tecnologia e inovação. Valério observa que o primeiro foco do Instituto ficou nos jovens pois é uma geração para a qual precisamos ficar atentos, pois a pandemia machucou muito. “Vai faltar mão de obra, de fato, na área da tecnologia”, profetiza.
Um desses jovens é o Giovanne dos Santos, 21 anos, que é gestor de comunidade no Clustergamers – um espaço inaugurado recentemente no terceiro andar do IC que conta com infraestrutura de ponta para instalação de empresas. Lá, Santos é responsável pela arena de jogos, recebendo público e empresas produtoras de games.
Oriundo do Colégio Estadual Professor Otávio de Souza, ele chegou ao Nova Geração por indicação de um médico do Instituto da Criança com Diabetes, onde faz tratamento desde os seis anos. A partir do curso computação em nuvem iniciou sua carreira profissional: “eu não imaginava que chegaria aqui, visto que minha perspectiva de futuro não era muito grande”, argumenta, pois acredita que são poucas as oportunidades que se apresentam após a conclusão do ensino médio. “O programa foi a oportunidade que eu precisava para conseguir entrar neste mercado de inovação e tecnologia”, afirma.
Robert Perquim, 21 anos, é outro jovem que teve sua vida impactada pelo Nova Geração. Estagiário em desenvolvimento backend no iFood, um dos apps de delivery mais conhecidos do Brasil, ele teve o auxílio do Caldeira para conquistar a vaga em um processo seletivo. “Orientaram como me comportar nas entrevistas e como me destacar dos concorrentes”, conta Perquim. Além deste auxílio luxuoso, também ganhou uma bolsa integral para estudar ciência da computação na Unisinos, conta o ex-estudante de engenharia da computação da Ufrgs. “O Caldeira pra mim é o maior polo de tecnologia aqui do Sul, lugar que todo jovem deve conhecer não só pelas questões técnicas que aprendemos, mas também pela visão de futuro”, comemora.
Quem está iniciando na nova economia também tem lugar de destaque na instituição. Visando oferecer suporte, recursos e orientação a startups e empreendedores em estágio inicial, o Instituto Caldeira oferece à comunidade programas para diferentes fases do negócio. Para os empreendedores em estágio inicial existe o Caldeira MVP, um ciclo de capacitação para startups na etapa de desenvolvimento e descoberta. Para negócios já consolidados, o Ebulição atua como uma imersão prática de aceleração. Por meio da conexão com a comunidade Caldeira, proporciona conhecimento, networking e acesso à capital. Já os desafios de inovação são provocados pelo Conecta, que aproxima as empresas fundadoras do hub de startups que possam solucionar problemas específicos em cada edição.
O programa tem como propósito gerar oportunidades de negócios para as startups, assim como solucionar os desafios das empresas, e é voltado, preferencialmente, a startups em estágio de desenvolvimento e tração. E, recentemente o Caldeira lançou o Kickstart, voltado a empreendedores em início de jornada.
Empresas escolhem o hub como espaço para crescer
Costa optou pela modalidade de self checkout para a Alegrow atender os clientes de forma mais rápida
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Em seu espaço de arquitetura industrial, o Caldeira abriga 125 empresas de vários segmentos, embora todas tenham em comum a pegada da inovação e o conceito de nova economia em seu DNA. Uma delas é a Alegrow – loja de conveniência – que inaugurou sua primeira unidade, em Porto Alegre, em junho de 2022. Em pouco mais de um ano, expandiu e atualmente possui 14 unidades localizadas na capital gaúcha, Região Metropolitana e em São Paulo.
No final do ano passado, a empresa instalou sua primeira unidade self checkout no Instituto Caldeira. Cada loja da marca se notabiliza por ações sociais, ambientais e facilitações urbanas. Aquelas que estão localizadas nas ruas são feitas em contêineres recicláveis, além de em terrários urbanos, construídas tendo como base materiais reaproveitados, com iluminação de led, madeira tratada e certificada.
Com uma proposta inovadora e compromisso com a comunidade, a unidade do Caldeira não só promete ser um espaço comercial, mas também um ponto de encontro e relaxamento. “A integração entre a Alegrow e o Instituto Caldeira vai além do aspecto comercial. A parceria reflete um compromisso mútuo com o bem-estar da comunidade, proporcionando não apenas produtos de qualidade, mas também um espaço onde as pessoas podem se reunir, interagir e desfrutar de entretenimento local”, destaca Eduardo Costa, sócio fundador. O projeto, orçado em R$ 480 mil, incluiu a criação de uma biblioteca para uso dos frequentadores do Caldeira e revitalização externa.
E como o Caldeira é um espaço para inovações, a Alegrow local apresenta um conceito inédito dentro da rede de conveniências: o modelo self checkout. Com essa abordagem, os clientes fazem suas compras e finalizam o pagamento de forma autônoma, tornando a experiência de compra mais rápida e eficiente.
Com mais de 60 funcionários a rede trabalha com a inserção e adaptação de cada loja ao espaço onde está inserida. Na orla, por exemplo, há cestas de piquenique, no Cais Embarcadeiro oferece drinks e no Caldeira o diferencial é o autoatendimento.
Sempre em busca de inovações, Costa afirma que a meta para 2024 é fechar o ano com 20 unidades em operações, superando faturamento mensal de R$ 2 milhões. Há perspectiva de mais duas unidades de rua em Porto Alegre, mais uma unidade de posto de combustível em Canoas e outra em São Leopoldo. Em São Paulo, serão duas unidades, além de negociações para abrir uma loja em Brasília.
O grupo também desenvolve projetos sociais, tais como um polo de distribuição de produtos não perecíveis para pessoas em vulnerabilidade social e um programa de capacitação profissional para jovens, em parceria com escolas.
Educação financeira para jovens
Santos teve sua iniciativa premiada na primeira edição do South Summit, que ocorreu em 2022 em Porto Alegre
Yours Bank/Divulgação/JC
Outra integrante dessa nova geração empreendedora é o Yours Bank, um banco digital para famílias. Nascida com o propósito de ensinar educação financeira para menores de 18 anos com acompanhamento dos pais, a startup foi a vencedora da primeira edição do South Summit, em 2022. De acordo com Willian Santos, CFO, por meio de um aplicativo o Yours Bank disponibiliza um meio de pagamento para os jovens através de PIX e cartão pré pago da bandeira Visa, além de conteúdos educacionais. Nascida em Santa Rosa através da associação dos empreendedores Santos e Felipe Diesel, CEO, a fintech cresceu com investimentos do Banco do Brasil e Ventiur Smart Capital – investidora e aceleradora de startups – e, em 2023 atingiu 100 mil cadastros no plano básico, além de 500 assinantes e três clientes B2B.
Com sede no Caldeira desde a inauguração e tendo participado da primeira turma do Ebulição – programa de aceleração de startups – o Yours Bank, de acordo com seu CFO, tem entre seus preceitos acreditar no poder da conexão e networking. “O Caldeira é a materialização de tudo isso tendo se tornado a nossa casa, onde conhecemos novos funcionários, investidores e parceiros comerciais”, avalia Santos. Indo um pouco mais longe, ele observa que são muitos os players de fora do estado que chegam até aqui através da conexão propiciada pelo hub: “o que acaba sendo um grande fator positivo também”, define.
Para 2024 a empresa pretende construir comunidades com famílias com o intuito de criar um ambiente que propicie segurança e educação financeira para os jovens. Além disto, está definindo projetos B2B para compartilhar, através de patrocínios, educação financeira para jovens em situação de vulnerabilidade social.
No que tange ao aporte financeiro, a empresa deve receber follow on do Programa CVC do Banco do Brasil – Corporate Venture Capital é uma estratégia que grandes empresas usam para investir e construir parcerias e explorar oportunidades com as startups.
Startup Pix Force é referência em inteligência artificial
Renato Gomes e Daniel Moura trabalham com o objetivo de fornecer soluções e sistemas para o uso de drones
Pix Force/Divulgação/JC
Referência em inteligência artificial no Brasil e destaque no exterior, a startup Pix Force foi fundada em 2016 pelos sócios Renato Gomes e Daniel Moura com o objetivo de fornecer soluções e sistemas para o uso de drones. No entanto, em 2018 expandiu suas operações e começou a atuar combinando inteligência artificial, unidades de processamento gráfico e câmeras digitais o que apresentou avanço no uso de visão computacional para projetos e produtos personalizados principalmente para a indústria 4.0. Conforme um dos cofundadores, Renato Gomes, a necessidade de democratizar o uso de imagens, tornando sua captação e análise mais acessíveis para a indústria levou a startup a buscar soluções para uma dor latente do mercado.
Neste sentido, a Pix Force tem desenvolvido produtos focados em inovação para as empresas e também na garantia da segurança dos trabalhadores em plantas industriais sem a necessidade de investimento de aquisição de novas câmeras. “E essa é justamente uma das grandes vantagens da ferramenta, que utiliza os dispositivos de monitoramento já existentes na empresa, transformando-os em sensores inteligentes para identificação de potenciais riscos”, explica Gomes.
Com uma base no Caldeira, Gomes é um entusiasta do instituto. “Além de estarmos imersos em um ecossistema que nos desafia a inovar o tempo todo, também podemos ampliar o networking e conhecer parceiros, fornecedores e até clientes”, avalia lembrando que a chancela do IC é importante para aceso a oportunidades fora do espaço também. A empresa também está entre as quatro escolhidas para participar do South by Southwest (SXSW), nos Estados Unidos, com todos os custos pagos, por meio da parceria entre Instituto Caldeira, Dell Technologies e Intel®.
Aliás, desenvoltura internacional faz parte do histórico da startup. Recentemente a Pix Force foi reconhecida como sendo a principal solução inovadora e aplicável para o segmento de óleo e gás do ATCE 2023 Start Up Village, promovido pela Society of Petroleum Engineers (SPE). Além de ter sido selecionada para participar do CeraWeek 2024 – um dos principais eventos da indústria de energia no mundo.
Para este ano, a startup planeja expandir suas operações, inclusive com a abertura de uma nova rodada de investimento, o que deve consolidar seu processo de internacionalização. “Estamos planejando crescer ainda mais rápido e para isso queremos captar entre R$ 15 e 20 milhões, tanto no Brasil quanto no exterior”, revela o CEO da Pix, Daniel Moura. Atualmente a Pix Force possui sedes no Brasil, EUA e Finlândia.
Entorno cresce e prospera com fluxo de público em busca de inovação e de criatividade
Marise destaca que houve aumento de 300% no fluxo de clientes no comparativo entre 2023 e 2021
Marise Mariano/Divulgação/DC Shopping/JC
É notório que a abertura do Caldeira promoveu uma revolução em uma região que vinha perdendo fôlego e protagonismo nos últimos tempos. Desde os tempos áureos de inauguração do DC Shopping, em 1994, quando houve uma agitação com abertura de lojas, eventos e, consequentemente, público, o Quarto Distrito não tinha registrado nenhum movimento com tanta repercussão. Marise Mariano, superintendente do DC Shopping, concorda e comenta que o Caldeira, assim como outros empreendimentos, ao apostar no bairro, ajudaram a reestimular uma região que foi próspera por muito tempo e, por um longo período, acabou não recebendo a devida atenção.
Segundo a dirigente, o movimento de empreendedorismo, inovação e criatividade, trouxe junto uma pluralidade de ofertas. “O DC Shopping precisou ampliar suas áreas de atuação para receber o público que transita diariamente na região”, o que resultou, inclusive, no aumento de 300% no fluxo de clientes no comparativo entre 2023 e 2021. Esse desempenho também é resultado da mudança implementada na área de alimentação do shopping que inaugurou, em janeiro de 2022, o food hall Mercado Paralelo.
Com investimento inicial estimado em R$ 8 milhões, o espaço foi responsável pelo crescimento de 5% no faturamento do DC – comparativo 2023/2022 – e conta com mais de 20 operações sendo que uma das mais recentes foi o Cachorro do Bonfa que se uniu a marcas como Quiero Café, Galeto do Mercado, Gianluca Zaffari, 20Barra9, entre outras. Marlise comemora os resultados e adianta que visando atender a demanda que recebe dos clientes, o DC busca operações específicas para complementar o mix. “Entre elas, uma estética feminina e uma academia”, antecipa.
Projeto Smart Shield monitora segurança na região
A movimentação que veio com a instalação do instituto ajudou a reduzir o número de ocorrências de furtos e roubos a pedestres no entorno
Recepção Carmen Carlet / Especial / JC
E o que está sendo feito para proteger o público que circula diariamente pelo entorno do Instituto Caldeira? O tenente-coronel Roberto Donato, subdiretor de tecnologia, informações e comunicações da Brigada Militar, conta que, desde o início de 2023, a corporação é integrante do Caldeira. Segundo explica, o objetivo inicial da corporação foi criar conexões e buscar colaboradores para que as demandas da área da segurança pública fossem atendidas. Um segundo motivo, como destaca, foi despertar o interesse das empresas pelo setor de segurança como um todo, pois existem muitas startups com foco em setores como fintech, saúde, logística e patrimônio, entre outros, e poucas voltadas para segurança, diferente de lugares como Estados Unidos, Europa ou mesmo Israel.
De acordo com Donato, antes da instalação do Caldeira, o que se tinha na região era uma segurança mais orientada ao patrimônio. “E, com as mudanças que aconteceram – como o crescimento de operações gastronômicas e divertimento noturno, além do movimento de público do instituto -, o planejamento da BM foi direcionado às pessoas, levando os batalhões responsáveis pela região – 9º e 11º – a dar maior atenção ao policiamento”.
Para o tenente-coronel, esse policiamento mais ostensivo também gera um desconforto para a execução de determinados crimes, pois o fluxo inibe um pouco. As estatísticas demonstram que em 2018 e 2019 – antes da instalação do Caldeira – havia muitas ocorrências de furtos e roubos nas regiões próximas. E, de acordo com o relatório do Projeto Smart Shield, percebeu-se a diminuição dos fatos no período 2022/2021, em especial, roubos e furtos a pedestres, com uma taxa de redução registrada de 37,36% em relação a estes fatos.
“Isso ocorre pelo movimento, eventos e vida que o Caldeira trouxe ao 4º Distrito, consequentemente arrastando todos os serviços essenciais e entre eles o de segurança pública”, explica Donato. Aliás, o Smart Shield é o grande projeto da BM em termos de tecnologia e inovação para o bairro. O militar explica que a base é criar um escudo inteligente através de tecnologias de alerta, câmeras, reconhecimento de pessoas e veículos. O projeto já fez um estudo e apresentou ao Caldeira o ideal em monitoramento para a região: três câmeras de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR) que é uma tecnologia que converte imagem de texto em um formato de texto legível por máquina; uma câmera de reconhecimento facial e cinco câmeras duplas (reconhecimento facial e vídeo). Segundo o tenente-coronel recentemente saiu uma licitação do município onde as sugestões da BM foram encaminhadas e provavelmente teremos as instalações dessas câmeras.
Vicente Perrone, diretor do Programa 4D da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, afirma que o Instituto Caldeira foi uma das primeiras instituições a acreditar não só no potencial do Quarto Distrito, mas na capacidade do poder público e privado construírem juntos um caminho de desenvolvimento econômico e social na região. O dirigente ressalta que o IC é um dos resultados das Mesas do Pacto Alegre, unindo inovação, representatividade e melhoria de ambiente de negócios.
Perrone destaca ainda que a instituição vem influenciando a cultura da cidade, graças às parcerias, trabalho e força de vontade. “Por isso, tem uma extrema importância para a população, para o mercado e para o governo que enxerga em locais e instituições como o Caldeira, o presente e futuro de Porto Alegre”, finaliza.
Slice nasce com propósito de resolver gestão financeira e problemas complexos em empresas
Criada por Sergio Zanella Irigoyen, executivo com carreira no mercado financeiro e Rafael Trindade Brasil, com atuação no mercado de produtos de tecnologia em grandes operadoras de comunicação, a Slice nasceu em janeiro de 2021 com o propósito de resolver problemas complexos na gestão financeira das empresas. Ainda no primeiro ano a startup já conquistou uma captação anjo no valor de R$ 3.5 milhões com executivos expoentes da área de tech, além do mercado financeiro nacional e internacional, conta Irigoyen, CEO, sem abrir o nome dos investidores. “Utilizamos os primeiros 18 meses terminando de construir a tecnologia e interagindo muito com o mercado para irmos ajustando a nossa oferta”, explica ao destacar que a partir daí, a empresa conquistou os primeiros clientes, atingiu o equilíbrio financeiro e começou a pensar em expansão do roadmap – uma espécie de “mapa” que visa organizar as metas de desenvolvimento de um software – de produtos.
Com um mercado amplo a Slice é uma techfin – empresa de tecnologia que oferece soluções financeiras integradas ao próprio sistema de gestão da companhia – que direciona seu olhar para todas as empresas que têm problemas relacionados à complexidade financeira, seja por serem transacional intensas – como os varejistas ou os bancos – ou por terem modelos de negócios complexos, como marketplaces e super apps – aplicativos que fornecem aos usuários finais um conjunto de recursos principais, além de acesso a mini aplicativos criados de forma independente -, por exemplo. “Quanto mais complexos forem os desafios de gestão financeira, melhor para a gente”, garante Irigoyen.
Com planos de expandir a base de clientes no Brasil e também no exterior em médio prazo, a Slice oferece infratech para que grandes empresas e bancos possam resolver problemas complexos com os quais convivem, sem resolução. Entre eles, Irigoyen cita conciliações complexas, conciliação para emissores de cartões, gestão financeira de marketplaces, montagem de data lake financeiro e transacional e infra para que os clientes construam novas linhas de receita com produtos financeiros.
* Carmen Carlet é jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.