Narrador Silvio Luiz Divulgação
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Quando Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa nasceu no dia 14 de julho de 1934, ainda não existia televisão e eram raríssimos os jogos de futebol transmitidos pelo rádio.
É como se a mistura entre o esporte mais popular do país e os meios de comunicação de massa estivesse esperando o nascimento do garoto Silvio para poder nascer também.
Paulistano de família espanhola, Silvio Luiz testemunhou toda a história da comunicação moderna do nosso país nas mais diversas funções.A começar pela função de filho da Dona Elizabeth Darcy, uma das primeiras vozes femininas do rádio brasileiro, que marcou época na Rádio Tupi.
Circulando pelo meio desde a infância, Silvio ingressou no rádio em 1952, quando recebeu a primeira oportunidade em uma radionovela da extinta Rádio São Paulo.
O jornalismo esportivo apareceu na vida de Silvio Luiz mais ou menos na mesma época: os primeiros passos como repórter de campo foram dados na TV Paulista, em 1952.
De lá, ele foi para a recém-inaugurada TV Record, em 1953, onde também arriscou uma carreira de ator de TV em novelas de sucessos como “Éramos Seis”.
Mas foi mesmo na função de repórter esportivo que ele encontrou o seu lugar, isso numa época em que a televisão ainda era praticamente artesanal. Ao mesmo tempo em que trilhava uma trajetória de sucesso no esporte, Silvio Luiz fazia história em outras áreas: na TV Excelsior, por exemplo, produziu um show do músico norte-americano Ray Charles em 1963.
De volta à Record, encontrou somente em 1971, aos 27 anos, a oportunidade que mudaria sua vida para sempre: a de ser narrador de futebol na televisão.
O estilo irreverente e recheado de bordões rapidamente consagrou Silvio Luiz como um narrador que se destacava em meio à polidez e à linguagem rebuscada que marcavam o ofício na época.
Em 2004, ele explicou à TV Cultura que a ideia era substituir o simples relato do que acontecia em campo por uma conversa que contemplasse as coisas do dia-a-dia do brasileiro.
Você falar aquilo que o telespectador está vendo em casa é o óbvio, não precisa.
Já narrador de sucesso, Silvio se aventurou como árbitro de futebol nas décadas de 1960 e 1970 – e, nas palavras do próprio, em entrevista ao apresentador Jô Soares na década de 1990 no SBT, não foi dos piores.
Silvio Luiz foi essencialmente um narrador de futebol na TV: foi narrador de rádio apenas na Copa do Mundo de 1982, quando a Rádio Record lançou uma campanha para que o ouvinte tirasse o som da TV e ouvisse Silvio Luiz.
O auge da carreira começou em 1987, quando se transferiu da Record para a equipe de Luciano do Valle na TV Bandeirantes.
Lá, narrou Copas do Mundo, Olimpíadas, finais de Campeonato Brasileiro e ajudou a popularizar o futebol internacional em inesquecíveis transmissões do Campeonato Italiano.
Tudo isso sem jamais soltar um grito de gol: uma decisão que ele defendeu em inúmeras entrevistas como essa para a Redetv
Silvio Luiz foi um homem do século XX que acompanhou todas as inovações da indústria cultural: esteve em clipes musicais… no jogo de videogame Pro Evolution Soccer… no filme “Boleiros 2”, de Ugo Giorgetti… dublou a animação “Carros 3”… e foi voz até de GPS para os motoristas que trafegam pelas ruas…
Na TV, trocou o Grupo Bandeirantes pela RedeTV em 2010 e em 2022 voltou à Record para transmissões alternativas do Campeonato Paulista na internet.
Trabalhou praticamente até o fim da vida e só largou definitivamente o microfone quando passou mal ao vivo na final do Paulistão de 2024.
Um homem que trabalhou tanto em tantas coisas diferentes que via no trabalho a sua maior consagração profissional.
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