Logo após as eleições municipais, o PL pretende deixar claro quais as condições que colocará sobre a mesa em troca do apoio de suas bancadas para os candidatos do Centrão às presidências da Câmara e do Senado. A principal exigência será o compromisso do postulante de levar ao plenário uma proposta para a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que o devolveria ao cenário eleitoral.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, sustenta que o fim do segundo turno deve ser o marco temporal para a legenda começar a tratar deste assunto. A percepção é de que, a partir desse momento, as campanhas pela sucessão dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vão ganhar tração.
Alas do PL ainda insistem em lançar um candidato à cadeira de Lira. Até por isso, Valdemar tem dito a interlocutores que considera muito prematuro discutir sucessão das Mesas diretoras antes do pleito municipal. Ao Valor, o presidente do PL disse que não está tratando dessa pauta agora.
Com 95 deputados federais e 13 senadores, maior bancada da Câmara e a segunda maior do Senado, atrás apenas do PSD, o apoio do PL a determinado candidato pode ser decisivo para a vitória. Depois de lançar o senador Rogério Marinho (PL-RN) na disputa contra Pacheco em 2023, e sair derrotado, o PL ficou sem assento na Mesa Diretora. Por isso, o partido inclina-se mais a composições estratégicas do que marcar posição com candidaturas não competitivas.
Para além do perdão ao ex-mandatário, o partido também reivindica uma anistia ainda mais ampla, que alcance todos os condenados ou processados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Segundo lideranças da sigla, o PL também deverá cobrar a inclusão em pauta de matérias ligadas aos costumes, como o projeto que institui diretrizes da “Escola sem Partido”, uma das bandeiras do bolsonarismo.
O tema entusiasma a direção do partido, mas integrantes da bancada mostram-se céticos em relação à possibilidade de pautas que confrontem o Judiciário avançarem. A direção da sigla acredita, contudo, que o próprio Executivo possa ver a ideia com simpatia. O raciocínio é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiria enfrentar em 2026 o ex-presidente do que um indicado por ele com rejeição mais baixa.