O assessor especial para a política externa do governo Lula, Celso Amorim, pousou em Caracas no início da noite desta sexta-feira (26).
Amorim viajou para a capital da Venezuela para acompanhar a eleição presidencial no país, a ser realizada no próximo domingo (28).
Ao blog da Andréia Sadi, na quinta (25), Amorim afirmou que recebeu a garantia do governo venezuelano de que seria bem recebido em Caracas.
Amorim não está na Venezuela na condição de um observador internacional que vai atestar ou não a legalidade do pleito. Ele é um enviado do governo brasileiro, que vai reportar o que houver ao presidente Lula.
A relação entre os governos do Brasil e da Venezuela foi estremecida nos últimos dias após troca de farpas entre o presidente Lula e o presidente e candidato à reeleição, Nicolás Maduro.
Depois de Lula se dizer assustado com a fala do venezuelano sobre um possível banho de sangue em caso de derrota nas urnas, Maduro, sem citar nomes, disse que quem se assustou deveria tomar um chá de camomila.
Celso Amorim mantém ida à Venezuela
O presidente da Venezuela também fez acusações infundadas de que o Brasil não tem eleições com auditorias. Por conta disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quarta-feira (24) não enviar observadores para acompanhar o pleito venezuelano.
Apesar dessa turbulência entre os dois países, Amorim disse ao blog que a sua presença foi uma decisão do próprio presidente Lula. Cada hora acontece algo. Ontem conversei com Lula e chegamos à conclusão de que era bom ir. Hoje não falei com ele ainda: as coisas evoluem, vamos conversar. Mas estou programado para ir, garantiu.
Sobre as críticas de Maduro ao Brasil, Amorim avalia que não foram ofensivas conosco, que foram alusões. Eu acho que não podemos [entrar] no jogo de piorar as coisas.
Sobre a decisão do TSE de não enviar observadores, Amorim diz que a decisão ocorreu porque houve um ataque direto ao órgão, o que ele chamou de crítica específica.
A Venezuela realiza eleições sob desconfiança da comunidade internacional de que o regime de Nicolás Maduro não assegure votações livres e democráticas. O pleito está marcado para domingo (28).
O principal concorrente do atual presidente, escolhido a partir de uma coalizão de partidos opositores, é o ex-diplomata Edmundo González. González foi anunciado pela Plataforma Democrática Unitária (PUD) após Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais. Em março, a PUD declarou que o acesso ao sistema de inscrição da candidata não tinha sido permitido.
O governo do Brasil manifestou apoio a Yoris ao afirmar que não havia motivos para barrar a candidatura. O regime de Maduro reagiu dizendo que a nota brasileira parecia ter sido ditada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Antes, a opositora María Corina Machado, uma das favoritas a desbancar Maduro, havia sido afastada da corrida eleitoral pelo Supremo Tribunal de Justiça, alinhado ao governo chavista.
Em outubro de 2023, o governo Maduro e a oposição assinaram o Acordo de Barbados, segundo o qual haveria eleições democráticas na Venezuela.