O ato organizado por centrais sindicais em São Paulo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu 1.635 pessoas neste 1º de Maio. O cálculo é do grupo de pesquisa “Monitor do debate político”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto. Considerando a margem de erro de 12%, pode haver uma diferença de 196 pessoas para mais ou para menos.
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Os pesquisadores contabilizaram o público presente com auxílio de um software. A contagem foi computada no momento de pico de comparecimento, às 13h46, cinco minutos antes do início do discurso do presidente.
O evento realizado no estacionamento do estádio do Corinthians teve público esvaziado e forte calor. Durante o discurso às centrais sindicais, Lula chamou o deputado federal e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) ao seu lado, fez elogios ao aliado e pediu que o público votasse nele na eleição municipal de outubro. A legislação eleitoral proíbe pedido explícito de votos no período anterior à campanha eleitoral, e a atitude pode acarretar em multa.
O presidente afirmou que o deputado vai enfrentar “três adversários” no pleito: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
— Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. E eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula, em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010 e em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo — disse Lula ao lado do deputado.
Lula tem agido pessoalmente para fortalecer a candidatura de Boulos em São Paulo. Foi do presidente a iniciativa convidar a ex-prefeita Marta Suplicy para retornar ao PT e ser vice da chapa. São Paulo será a capital que terá a maior presença e dedicação de Lula nas eleições municipais. Na cúpula do PT, há entendimento de que se Boulos vencer em São Paulo, o partido terá ganho a eleição municipal no país.
Lula também criticou a convocação que levou ao baixo comparecimento do público e tentou baixar a temperatura da crise do governo com o Legislativo. Sem novos anúncios para os trabalhadores, o petista fez acenos ao Congresso Nacional pelos projetos enviados e prometeu novidades para o Dia do Trabalho de 2025.
Justiça determina remoção de vídeo
Nesta quinta-feira, a Justiça Eleitoral intimou o presidente a excluir de seu canal no Youtube, no prazo de até 24 horas, o vídeo do ato de 1º de Maio. O pedido de remoção atendeu a uma representação feita pelo Partido Novo.
Desde o ato, diversos adversários políticos de Boulos, como Kim Kataguiri (União), Marina Helena (Novo) e o diretório municipal do PSDB, manifestaram-se a favor de processar o presidente pela propaganda irregular.
Durante agenda no feriado na capital paulista, Nunes, que disputa reeleição, afirmou a jornalistas que o petista parece estar no palanque de 2022 e já pensando no de 2026.
— Como presidente da República, ele teve uma atitude que claramente é um desrespeito à lei eleitoral — disse o prefeito a jornalistas, confirmando que sua campanha deve acioná-lo na Justiça já nesta quinta-feira.
Mais cedo, nesta quinta-feira, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) entrou com uma ação na Justiça Eleitoral contra Lula e Boulos por propaganda eleitoral antecipada.
Planalto nega crime eleitoral
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, se manifestou a respeito da fala de Lula e negou o cometimento de crime eleitoral. Segundo ele, a afirmação não pode ser enquadrada como propaganda eleitoral antecipada, mas manifestação de liberdade de expressão:
— A manifestação do Presidente não pode ser enquadrada como propaganda eleitoral antecipada, ou mesmo teria o escopo de influenciar as eleições. Trata-se, em verdade, de manifesto exercício da liberdade de expressão — disse
Ainda de acordo com o ministro, “o que ocorreu foi uma manifestação de apoio político”.
— A fala está enquadrada nas permissões da lei e não nas vedações. Não houve conduta eleitoral vedada.
Pimenta não explicou, porém, o motivo pelo qual o Planalto apagou o vídeo das redes do governo federal.