Cannes (França) — Apesar de uma parte da sociedade brasileira ter uma relação reticente, no mínimo, com a produção audiovisual brasileira, no mercado internacional, o nosso país é uma vitrine de artistas e produções com boa penetração em festivais internacionais. Apenas nesta edição do Festival de Cannes, seis produções nacionais foram selecionadas para exibição: os longas Motel Destino, A Queda do Céu, Baby, os curtas Amarela e A Menina e o Pote, e o clássico restaurado Bye, Bye, Brasil. Para compreender melhor sobre este processo, pude conversar com Maria Marta, gerente do Cinema do Brasil.
O Cinema do Brasil é uma iniciativa criada pelo SIAESP – Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, em 2006, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex Brasil), no âmbito do Ministério das Relações Exteriores, com a finalidade de promoção e internacionalização do cinema brasileiro. Com 94 empresas brasileiras associadas, entre produtoras, distribuidoras ou festivais de cinema, o Cinema do Brasil estabeleceu um espaço para que as produções audiovisuais estivessem posicionadas e visíveis para serem adquiridas por distribuidores internacionais ou exibidas nos principais festivais de cinema do mundo.
“O nosso objetivo é exatamente estimular e promover o cinema brasileiro internacionalmente, e o principal jeito que nós fazemos é garantir um espaço para o Brasil nos principais festivais e mercados internacionais”, explicou Maria Marta.
Para além de Cannes: cinema brasileiro em festivais internacionais
Além do Festival de Cannes, o Cinema do Brasil também está em San Sebastian, Berlim e Ventana Sur, entre outros, com espaços em que os associados podem utilizar para reuniões estratégicas de negócios e também para promoção de eventos. Durante a participação no festival, o Cinema do Brasil terá reuniões com os festivais norte-americanos de Sundance e South by Southwest (SXSW), a Paris Film Commision e French National Film Center, o Aide aux Cinemas du Monde, um dos mais importantes fundos de apoio e patrocínio do cinema internacional, além de ações de promoção de co-produção com Portugal, África do Sul ou a região francesa Nouvelle-Aquitaine.
“A ideia desses encontros é criar uma conexão, porque estando aqui, não é tão fácil você se conectar com as pessoas do mercado audiovisual. Quando nós trazemos as pessoas para cá e permitimos que os produtores conversem, é mais fácil estabelecer uma conexão.”
Com base em dados do ano anterior, Maria Marta estima o saldo de 18 milhões de dólares em negócios diretos intermediados pelo Cinema do Brasil, quando os produtores nacionais buscam adquirentes interessados em produções finalizadas e/ou em estágio de finalização. O Cinema do Brasil atua na direção oposta, na procura de financiamento ou de coprodução internacional.
Desde a criação do Cinema do Brasil, o número de coproduções oficiais realizadas cresceu até atingir cerca de 30 produções anualmente. Além do mais, o Cinema do Brasil atua ainda na tentativa de obter waivers, nada mais do que isenções para inscrição das produções nos festivais internacionais, e obtenção de credenciais com desconto para participar no Marché.
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