Abalada pelos ataques terroristas do Hamas em outubro do ano passado, seguidos pela guerra na Faixa de Gaza, a economia de Israel surpreendeu e se recuperou em um ritmo impressionante, só visto após a pandemia.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país saltou 14,1% no índice anualizado no primeiro trimestre deste ano, com ajuste sazonal, pouco menos que o previsto pelos analistas. Isso depois de uma retração de 21,7% nos três meses anteriores.
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A recuperação vem à medida que o investimento e o consumo se recompõem, compensando parcialmente o choque de mais de sete meses de guerra com um custo aos cofres públicos de ao menos US$ 16 bilhões (R$ 82 bilhões).
Veículos estão a cerca de três quilômetros ao norte do local do festival de música atacado pelo Hamas
O PIB de Israel cresceu a uma taxa trimestral de 3,3%, de acordo com números preliminares publicados ontem. Mas, segundo analistas, a forte recuperação nos números mascara as marcas que o terrorismo e a guerra deixam em uma das economias mais avançadas do Oriente Médio, com enorme custo financeiro e perturbações no comércio exterior, nas atividade industriais e na construção civil.
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— Os sinais da guerra ainda são evidentes e provavelmente serão sentidos com mais força no segundo trimestre — disse Ronen Menachem, economista-chefe de mercados do Mizrahi Tefahot Bank. — Se o conflito for resolvido rapidamente, será mais fácil para a economia se recuperar este ano e crescer relativamente rápido em 2025.
Ainda assim, o pior das consequências econômicas pode ter ficado para trás, com a confiança dos consumidores israelenses se aproximando dos níveis anteriores à guerra e o mercado de trabalho estabilizando rapidamente após um aumento pontual do desemprego em outubro do ano passado.
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A força do dinamismo econômico de Israel durante o resto do ano ainda depende em grande parte do curso da guerra, com os militares agora concentrados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde mais de um milhão de civis estão vulneráveis. À medida que Israel se aproxima de uma invasão total, aumentam as tensões com os EUA, a União Europeia e o Egito.
Ainda longe do patamar anterior ao conflito
Partindo do pressuposto de que a guerra contra o Hamas continuará ao longo de 2024, mas não conduzirá a um conflito regional mais amplo, a S&P Global Ratings prevê que o crescimento econômico de Israel seja de apenas 0,5% este ano. A projeção de crescimento do Banco de Israel para 2024 é de 2%, enquanto a estimativa do Ministério das Finanças é inferior, de 1,6%.
O PIB permanece 2,8% abaixo do nível anterior à guerra, no terceiro trimestre do ano passado, de acordo com o Goldman Sachs, que rebaixou sua previsão de crescimento de Israel para 2024 de 1,6% para 1,2%.
— No caso de uma escalada, será difícil evitar uma recessão e o crescimento permanecerá num nível deficiente neste ano e no próximo — diz Menachem.