Estratégia é para evitar a escassez
A importação de arroz para abastecer o estoque é estratégia para não haver escassez, não necessariamente para manter preços baixos. É o que diz Alexandre Chaia, professor de Economia no Insper. “Vejo mais como uma preocupação com a falta do que conter a inflação. Se os governos anteriores não tivessem esvaziado os estoques, não precisaríamos importar de forma tão urgente. A importação é normal, mas se o governo tivesse o objetivo de manter os preços acessíveis, já estaria trabalhando em restabelecer o estoque deste e de outros produtos.”, analisa.
Com a maior parte da safra do RS já colhida, além da quantidade do cereal importado, a União conseguirá impedir a alta nos preços. “A Conab estima que o Rio Grande do Sul produz 7,50 milhões de toneladas – tendo em vista que a maior parte da safra foi colhida. Assim, a necessidade seria de aproximadamente 1,50 milhão de toneladas a mais, o que será cumprido com as importações.”, finaliza.
A procura pelo arroz internacional é natural nesse momento de crise. Segundo o pesquisador do Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) Thiago Carvalho, “independente do produto afetado, o mercado sempre vai procurar se ajustar. Se o preço de um determinado item sobe em um país, o comércio internacional já se prepara para a venda deste produto”.
A quantidade de arroz importada é suficiente para conter a inflação, mas tudo depende da dinâmica da safra colhida no Rio Grande do Sul. “Um milhão de toneladas é o bastante para controlar a alta dos preços, mas é necessário olhar para o problema do escoamento que está acontecendo com a safra atual, principalmente a curto prazo.”
Para que servem os estoques?
A formação de estoques públicos tem como objetivo garantir a renda do produtor, servir a população em casos de emergências e evitar grandes oscilações de preço. Funciona da seguinte forma: o governo compra os produtos quando estão com valores mínimos e os vendem em momentos necessários, como em períodos de escassez ou inundações, como as que estão acontecendo no Sul. O Brasil mantém essas reservas desde 1960, com produtos como trigo, milho, café, feijão, arroz, leite em pó, entre outros.