Dúvidas sobre a lisura do resultado da eleição na Venezuela neste domingo mantém a crise política no país, que dá continuidade à crise econômica e eleva a emigração. Santa Catarina é o estado brasileiro que mais tem aberto vagas de trabalho para venezuelanos em condições de vulnerabilidade.
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O resultado apresentado pela Justiça Eleitoral da Venezuela neste domingo, confirmando vitória do presidente Nicolás Maduro com 51,2% dos votos, não está sendo aceito pela maioria da comunidade internacional, que suspeita de fraude. A oposição, que disputou com o candidato Edmundo Gonzáles Urrutia, diz que venceu com 70% dos votos, conforme pesquisas anteriores ao pleito apontavam. O governo brasileiro decidiu esperar o resultado final da apuração do pleito.
Com isso, o país que enfrenta falta de uma democracia efetiva desde 1999 com a vitória de Hugo Chavez, segue com crise econômica profunda. Isso em função da questão política e da chamada “maldição do petróleo”, pela qual governos se acomodam com receitas em dólar e inibem atividades econômicas provocando pobreza.
Essa situação já levou 7,7 milhões de venezuelanos a emigrarem. O Brasil é o terceiro destino dos venezuelanos, atrás da Colômbia e do Peru. E aqui no país, quem mais tem aberto postos de trabalho para esses emigrantes, nos últimos anos, é Santa Catarina.
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Segundo o Subcomitê Federal para o Acolhimento e Interiorização de Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade, de abril de 2018 a junho de 2024 o Brasil atendeu 135.668 venezuelanos nessa condição. Desses, 30.234 vieram para Santa Catarina, 25.117 para o Paraná e 21.325 para o Rio Grande do Sul. A Região Sul foi quem mais abrigou venezuelanos.
A Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) se manifestou sobre a situação na Venezuela após a eleição. Ela informa que vê com preocupação as notícias sobre a eleição no país, onde a falta de alternância ocorre a partir de um processo eleitoral sem transparência e sem a necessária auditoria. Para a entidade, as denúncias de fraude devem ser apuradas com independência.
– Esperamos a volta da normalidade institucional, que é fundamental para que haja avanço nos negócios com o país vizinho – afirmou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
A crise política afeta os negócios internacionais de Santa Catarina e do Brasil com a Venezuela, que chegou a ser expulsa do Mercosul por não seguir as melhores práticas democráticas. Em 2023, SC exportou US$ 39,05 milhões em produtos para o país vizinho. Os principais itens, conforme apuração do Observatório Fiesc, foram produtos de panificação (US$ 8 milhões), arroz (US$ 7,4 milhões), máquinas agrícolas (US$ 5 milhões) e extratos de malte (US$ 2,86 milhões).
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As importações de SC da Venezuela, em 2023, totalizaram US$ 166,7 milhões e os principais itens adquiridos foram alumínio em forma bruta (US$ 84,37 milhões), fertilizantes nitrogenados (US$ 66,11 milhões) e coque de petróleo (US$ 5,88 milhões). No primeiro semestre deste ano, as exportações de SC somaram US$ 18,63 milhões, e as importações, US$ 90,68 milhões.
Enquanto as atividades comerciais seguem fracas, a vinda de imigrantes, a maioria com qualificação, gera impacto positivo na economia catarinense, que enfrenta pleno emprego e, consequentemente, falta de trabalhadores qualificaos.
Os venezuelanos estão presentes trabalhando numa série de setores de serviços, nas cidades litorâneas, e também em outras cidades, nas indústrias e agroindústrias. Muitos já trouxeram toda a família. Nem todos vêm em condições difíceis. Chapecó é a cidade que mais recebeu imigrantes do país.
Mas a torcida é que a Venezuela consiga resolver a crise política, volte a ter democracia com alternância no poder e uma economia forte. Isso fará bem aos venezuelanos e à América Latina.
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