Sim, confesso, no título, grande déjà-vu, né? Até mesmo bolsonaristas com mais de 3,5 neurônios, o 0,5 por conta dos que, passado um ano, se convenceram, ainda que não expressem a merda que foi a gestão do Regente Insano Primeiro (RIP). Não, não errei. Nem capitão é. Lembram-se da quartelada que arriscou em favor do aumento nos soldos dos militares e do Exército acabou defenestrado?
Paciente, posso resumir. Nas eleições presidenciais dos EUA em 1992, concorriam o então presidente republicano, George W. Bush, e o governador democrata do Arkansas, Bill Clinton. Enquanto o republicano sustentava a campanha na política externa (“defesa da Pátria” em momento que o perigo desidratava), Clinton insistia no mesmo. Acreditava seu foco de campanha estar na insatisfação dos eleitores e sua insatisfação bélica.
Erravam os dois. O problema dos norte-americanos estava em crescimento industrial, emprego, renda, juros, poder de consumo, impostos, tudo aquilo que pudesse recuperar o perdido na era Bush, o sonhado American Way of Life.
Assessor da campanha de Bill Clinton, o publicitário James Carville cria o slogan (hoje em dia, se diria ‘faz viralizar’): “é a economia, estúpido”.
Bill saca e segue. Resultado (urnas não contestadas):
Milhões de votos: Bill Clinton 45 (43%); GW Bush 39 (37,5%);
Colégio Eleitoral: democratas 370; republicanos 168.
Acachapante, não? Era, pois, a economia, e não o Golfo.
E no Brasil, hoje em dia, será o mesmo? Deveria ser. Afinal, não creio a Venezuela ser perigo capaz de ameaçar nosso musculoso arsenal bélico, mas sim a pobreza que se infiltra no ânus largo da sociedade, que inclui, vejam vocês, comer e refazer a capacidade de reproduzir o trabalho com produtividade, em território que mais oferece do que recebe.
Continuar contando apenas com a agropecuária no mercado externo de forma eterna? Preços baixos (primários) versus preços de altos valores agregados (manufaturados).
A maior parte de nosso desenvolvimento tem sido conquistada pelos agronegócios. Digo mais, não apenas quando se produz para as exportações, mas também para o mercado interno.
Hoje em dia, vemos os índices econômicos, sob quaisquer aspectos, mais positivos, animadores, a ponto de a agência norte-americana Moody’s aumentar a perspectiva de nota positiva para a economia brasileira no governo de Lula e na gestão econômica de Fernando Haddad. Ou seja, embora a nota permaneça a mesma, a percepção de crédito para investimento no País avançou de ‘estável’ para ‘positiva’.
Mesmo assim, as viúvas do bolsonarismo, sem o mitológico Messias, este já liquidado, nas pesquisas recentes de opinião mal avaliam o atual poder incumbente, o que reforça minha hipótese de que, por séculos, o brasileiro foi, é, será um “pensador” (?) Bolsonaro populista.
Que pena.