SALVADOR — O presidente da Transpetro, Sergio Bacci, defendeu que é importante mudar a política pública brasileira para conteúdo local na área de petróleo e gás. O caminho, segundo ele, é a discussão para a construção de um entendimento a partir de Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e depois consulta pública pela Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP).
“É evidente que nós não vamos cometer loucuras, nós temos que tomar cuidado para que o custo do navio não seja duas, três vezes o valor do que se pagaria lá fora, mas a gente está trabalhando no sentido de equalizar preço, de ver formas de baratear os custos no Brasil, para que a gente tenha um navio adequado à nossa necessidade e com preços, eu não diria compatível com o da China, porque nunca será compatível com o da China, nada no país é compatível com o seu terno, o meu relógio, tudo mais barato na China, então a gente quer ser compatível com o mercado da Coreia, o mercado do Japão e acho que a gente vai chegar nesse resultado”, afirmou.
O presidente da Transpetro concedeu entrevista ao editor da gas week, André Ramalho, no estúdio epbr na Bahia Oil & Gas, Energy, que termina nesta sexta-feira (24/5), em Salvador.
E defendeu que é preciso chegar a um caminho para que se tenha uma indústria de construção naval e de navipeças operando no Brasil, gerando emprego e renda.
“Ah, vai ser 65 % como era antes? Eu acho que não, acho que a gente tem que aprender com o passado, mas a gente tem que chegar num número que seja razoável para que a gente possa ter os navios e ter a indústria de navipeças no Brasil também”, diz.
Bacci colocou cargo à disposição
O presidente da Transpetro afirmou ainda que colocou o cargo à disposição após a mudança do comando da holding, que teve Jean Paul Prates substituído por Magda Chambriard por decisão do presidente Lula. Magda tomou posse como presidente da estatal nesta sexta-feria (24/5).
“Veja, a presidente Magda é uma amiga querida de mais de 20 anos. Conheço Magda há mais de 20 anos. Então, é evidente que, assim que ela sumiu, eu tomei a liberdade de ligar para ela, para cumprimentá-la, para dizer a ela, inclusive, que o meu cargo estaria à disposição, porque o cargo do presidente da Transpetro é da presidente da Petrobras, colocando o meu cargo à disposição, que eu acho que esse é o caminho ético a ser feito”
Bacci adiantou ainda que haverá uma reunião com a presidente da holding para apresentação dos projetos em andamento na Transpetro e os planos de renovação da frota da empresa.
Projeto de construção de 25 navios
A Transpetro tem um projeto de construção de 25 novos navios de cabotagem para sua frota nos próximos oito anos, uma demanda de R$ 1,25 bilhão. O projeto é desenhado junto com a Petrobras e foi batizado de TP25.
Ainda no primeiro semestre de 2024, conta Bacci, o edital para os primeiros quatro navios deve ser divulgado. Outros oito navios estão atualmente em estudo para liberação do edital. A meta é deixar as 25 embarcações, pelo menos, contratadas até 2026.
“Nosso projeto é fortalecer a Transpetro. Investir em novos negócios. Investir em navios. Hoje a frota da Transpetro é de 26 navios, se a gente construir mais 25, a gente vai começar a renovar, porque a nossa frota hoje tem dez anos, se a gente demorar oito, dez anos para construir esses 25 navios, muitos dos navios hoje que tem dez anos já estarão em fim de linha”, comentou Bacci.