Titular do Ministério do Turismo há quase um ano, Celso Sabino acredita que seu partido, o União Brasil, caminha para apoiar uma eventual candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, mesmo com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, correligionário de Sabino, tentando viabilizar seu nome como pré-candidato na disputa. Sabino assumiu o comando da pasta por indicação do União Brasil na tentativa de ampliar o apoio do partido ao Palácio do Planalto. Desde então, o ministro tem atuado como articulador do governo nos bastidores e dedica boa parte da sua agenda ao diálogo com os parlamentares. Próximo ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que cortou relações com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Sabino acredita que a articulação entre os dois Poderes está afinada.
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O União Brasil caminha para não estar ao lado do PT nas principais capitais na eleição este ano, apesar de comandar três ministérios. Como vai ficar a relação do partido com o governo após as eleições?
Há a disputa regional em praticamente todas as cinco mil cidades do Brasil. As cidades que o União não vai caminhar junto com o PT são aquelas que União, MDB, PSD, PSOL, PSC, PSB, vão caminhar contra o PT também. Não há uma diretriz do partido de caminhar contra o Partido dos Trabalhadores. Ao contrário. A maioria das cidades em que for oportuno e houver conciliação de ideias, agenda, política, o União vai caminhar com o PT
Já tem um nome no seu partido, Ronaldo Caiado, que se coloca como pré-candidato a presidente em 2026. Acha que o União tinha que apoiar uma eventual reeleição de Lula?
Eu entendo a vontade pessoal do governador Caiado, mas o União Brasil ainda não se posicionou em relação à candidatura presidencial para 2026. Inclusive eu, particularmente, penso que é muito mais provável que o União caminhe com o presidente Lula do que se arrisque em uma aventura de lançar um candidato.
O seu partido apoia a candidatura do deputado Elmar Nascimento (BA) para a presidência da Câmara, mas o governo prefere Marcos Pereira (Republicanos-SP). Como o senhor tem atuado?
Nunca me falaram dessa resistência dentro do governo em relação ao nome do deputado Elmar. E eu transito na Câmara, no governo… Ao contrário. Vejo o deputado Elmar com excelente relacionamento com o ministro Rui Costa (da Casa Civil), o ministro Padilha, com outros ministros do governo. Eu o vejo com amplo trânsito.
O governo passa por mais um período conturbado na relação com o Congresso. Como parlamentar e como ministro, o que falta pra essa relação finalmente entrar nos eixos?
Mais? Na reunião de segunda-feira uma das falas do presidente (Lula) foi que o governo não perdeu nada no Congresso. Se afinar mais ainda eu me preocupo, porque já está afinado. O governo tem tido importantes vitórias. Mas claro que numa democracia os governos tendem a discutir seus assuntos dentro das esferas de poder. Não vejo dificuldade do governo com o Congresso Nacional.
Na pauta econômica os projetos estão sendo aprovados. Mas outros assuntos, como marco temporal, representaram derrotas para o governo.
Isso não é pauta do governo, é pauta de costume, ideológica. O governo não se mantém por pauta de costume e ideológica.
O presidente Arthur Lira tem reclamado da articulação do governo.
Talvez o presidente Lula não tenha com o presidente Arthur uma relação tão próxima como tem com a primeira-dama; nem o presidente Lira tem com presidente Lula uma relação tão próxima como tem com a Ângela, que é a mulher dele, mas eles têm conversado muito, e a agenda do Brasil tem se sobressaído.
O conflito pela presidência do União entre Antônio Rueda e Luciano Bivar não afeta a imagem do partido?
Eu vejo partidos que têm problemas bem mais duradouros e mais graves do que o União Brasil. Partidos que têm cinco, seis grupos diferentes dentro de um mesmo partido, que às vezes parlamentares de grupo diferentes nem se cumprimentam, que só faltam se matar por conta de espaço e de prestígio. Tem partido que tinha feito a indicação de um ministro para o presidente Lula e, na véspera da posse, outro grupo dentro do partido conseguiu impor a sua vontade e indicar um nome diferente. É natural da democracia.
Como o Turismo vai atuar para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul?
Liberamos R$ 100 milhões do Fungetur, que fornece crédito para micro e pequenos empreendedores do turismo de até R$ 15 milhões, com juros que vão até 6% ao ano. Todos os recursos estão em dia e liquidamos todas as emendas parlamentares. Iniciamos uma campanha para aqueles que tenham pacote de turismo para o estado não cancelem. Estamos em parceria com o município do Rio de Janeiro para realizar no início de junho um grande evento artístico, com shows de artistas famosos, para o ingresso ser revertido à causa do Rio Grande do Sul e com doações on-line.
Em relação à COP 30, como estão os preparativos diante das carência de infraestrutura em Belém?
É lógico que, dentro da Amazônia, você não vai encontrar ainda condições de hospedagem similares às de uma cidade como Dubai. Estamos programando que reuniões aconteçam inclusive dentro da floresta. Partindo desse princípio, também não podemos dizer que os chefes de Estado vão ter que dormir em qualquer lugar, numa rede pendurada. O governo federal está investindo fortemente na infraestrutura da cidade de Belém.
A estrutura vai estar adequada para o evento?
Para a COP da floresta. Não vai ser COP de Dubai nem de Nova York, vai ser COP da Amazônia. Vai ter hospedagem para todo mundo que for, só não vai ter hotel de seis estrelas.