Aproximadamente 410 mil estudantes do Ensino Fundamental e Médio das redes estadual e municipais de Goiás agora têm acesso gratuito à internet para realizar suas tarefas escolares. Este projeto, que recebeu um investimento de R$ 83 milhões por parte do governo estadual, visa garantir a conectividade necessária para os alunos.
Segundo Bruno Marques, Superintendente de Tecnologia da Secretaria de Educação (Seduc), este projeto é mais uma ação da Seduc para promover a conectividade dos estudantes. Ele explicou que houve uma crescente demanda por conectividade desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020, principalmente para trabalhar fora do ambiente escolar.
Esse projeto envolve a distribuição de chips de internet para os alunos que têm dificuldade em acessar a rede de comunicação, com uma abordagem direcionada para garantir o uso pedagógico da internet.
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Marques destacou que os chips são distribuídos de acordo com o perfil dos alunos cadastrados no Cadastro Único, abrangendo desde o terceiro ano do Ensino Fundamental até a terceira série do Ensino Médio, além das escolas quilombolas e indígenas. Ele ressaltou ainda que o objetivo é fornecer suporte pedagógico aos alunos em suas atividades diárias em casa.
O sistema de filtragem do conteúdo da internet permite que os alunos façam pesquisas educacionais, mas bloqueia acesso a sites não apropriados para o ambiente escolar, garantindo assim um uso seguro e direcionado da internet como ferramenta de aprendizado.
Rivaldo Paiva, CEO da Base Mobile, startup de Pernambuco responsável pelo desenvolvimento da solução, comenta que anteriormente, os governos usavam chips convencionais e sistemas de bloqueio de conteúdo instalados nos aparelhos. Com isso, os estudantes podiam facilmente burlar o sistema e usar o pacote de dados custeado pelo poder público para outros fins, como consumir conteúdos de entretenimento, o que não é mais possível com a tecnologia.
“Com essa nova tecnologia, de fato, podemos assegurar o bom uso do recurso público e que crianças e adolescentes não tenham acesso a conteúdos inadequados e nocivos, como os que propagam a violência no ambiente escolar”, explica.
Em entrevista concedida ao jornal O Hoje, a coordenadora pedagógica do Colégio Estadual Olavo Bilac, Elisângela De Sousa Santana Queiroz, fala sobre a eficácia dos chips distribuídos aos alunos, destacando-a como uma ferramenta crucial na democratização do espaço escolar.
Elisângela ressaltou a importância desses chips ao promover o acesso à internet, permitindo que os alunos realizem atividades que anteriormente seriam impossíveis sem conexão online. Com acesso aos programas online das instituições educacionais, os estudantes agora podem ampliar seu aprendizado e acessar uma variedade de recursos pedagógicos.
A distribuição dos chips ocorreu no ano passado, por volta de setembro/outubro, segundo a coordenadora, que desde então, observou uma melhoria significativa no desempenho escolar dos alunos. Elisângela enfatizou que o acesso à internet não apenas complementa o conteúdo ensinado em sala de aula, mas também motiva os alunos a aprender mais, oferecendo-lhes oportunidades adicionais de pesquisa e estudo.
Acessibilidade à internet para jovens de baixa renda
A coordenadora destacou a gratidão dos estudantes beneficiados pela iniciativa, que agora podem acessar videoaulas e outros recursos educacionais online. “Essa nova forma de aprendizado vai além das paredes da sala de aula, permitindo que os alunos expandam seus conhecimentos de maneira significativa”, comenta.
A iniciativa foi elogiada pela especialista por sua contribuição para a democratização do acesso à educação digital, proporcionando aos alunos oportunidades antes inacessíveis.
Maria Vitória, estudante do segundo ano do Colégio Estadual Olavo Bilac, foi beneficiada com um tablet e um chip de internet, fornecidos pelo programa. A jovem expressou sua gratidão, destacando a importância do apoio recebido. “O tablet e o chip vieram em uma ótima hora, porque esse ano eu comecei a estudar para fazer o ENEM [Exame Nacional do Ensino Médio] e eu não tinha condições de comprar um aparelho novo, o meu já estava bem quebrado”, revela Maria Vitória.
Ela compartilhou que a falta de acesso à internet em casa dificultava suas tarefas escolares. “Eu não tinha internet em casa para fazer tarefa e quando eu recebi o chip e o tablet foi uma experiência maravilhosa, porque foi exatamente no momento que eu precisava muito, que eu estava precisando muito”, compartilha a jovem.
Maria Vitória ressaltou que sua única maneira de acessar a internet era através da compra de créditos para o celular, o que nem sempre era viável financeiramente. “Para mim ter acesso à internet era só quando eu colocava crédito e nem sempre eu tinha dinheiro para colocar crédito no celular.”
A estudante expressou sua gratidão não apenas à Secretaria da Educação, mas também agradeceu a Deus pelo apoio recebido. Sua experiência destaca a importância dos programas de inclusão digital na promoção da educação e igualdade de oportunidades para os estudantes.