O crescimento econômico mundial está ficando mais abrangente e pesquisas indicam que a atividade empresarial tanto nos Estados Unidos como na zona do euro ganhou ímpeto em maio.
A economia da zona do euro se contraiu no segundo semestre de 2023, na sequência de uma disparada nos preços da energia e dos alimentos desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e a posterior elevação das taxas de juros destinada a domar essa inflação.
Já a economia dos Estados Unidos, pelo contrário, expandiu-se de uma maneira muito forte ao longo do mesmo período, o que abriu uma diferença de tamanho bastante incomum entre seu crescimento e o da zona do euro. Essa disparidade diminuiu à medida que a zona do euro voltou a crescer nos primeiros três meses deste ano, enquanto os EUA desaceleraram.
Mas pesquisas divulgadas nesta quinta-feira (23) apontam para uma nova aceleração nos EUA, ao mesmo tempo que o crescimento da zona do euro se fortaleceu. Isso é um bom presságio para uma economia mundial que dependeu excessivamente dos EUA para seu dinamismo em 2023.
O índice de gerentes de compras Global Flash U.S. Composite PMI do S&P – que mede a atividade nos setores de manufatura e serviços nos EUA – subiu de 51,3 em abril para 54,4 em maio. É seu maior nível dos últimos 25 meses e a primeira vez que o índice não desacelerou desde o início do ano. Um nível superior a 50 indica expansão da atividade do setor privado.
“Os dados põem a economia dos EUA de volta no rumo de outro ganho sólido no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence.
A atividade empresarial da zona do euro, por sua vez, cresceu pelo terceiro mês consecutivo em maio, e no ritmo mais rápido em um ano, segundo indicam as pesquisas. O PMI composto conjunto do bloco subiu de 51,7 para 52,3.
O poder de força da Alemanha
O aumento foi liderado pela potência econômica da Alemanha, onde a continuidade da robustez do setor de serviços e a melhoria na indústria levaram a atividade a seu nível mais alto em um ano. Isso ajudou o setor manufatureiro do bloco como um todo a chegar mais perto da recuperação, ao atingir seu melhor resultado dos últimos 15 meses.
Por outro lado, no Reino Unido as pesquisas com gerentes de compras apontaram para uma desaceleração na economia, depois de um começo de ano mais forte do que o esperado, em que ela ultrapassou a dos EUA. Os dados foram divulgados um dia depois de o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, convocar uma eleição surpresa para o início de julho, com a aposta de que os sinais de melhora das perspectivas econômicas podem reverter o grande déficit nas pesquisas de opinião.
Pesquisas similares apontam para uma aceleração maior na economia da Índia, que já estava em rápida expansão, e para uma recuperação no Japão, onde a economia se contraiu nos primeiros três meses do ano. Na Austrália, indicam uma ligeira desaceleração do crescimento em maio.
BCE
Empresas informaram que estavam aumentando seus preços no ritmo mais lento desde novembro, o que deve tranquilizar o Banco Central Europeu (BCE). De qualquer maneira, a zona do euro continuou a criar empregos em maio, o que sugere que os salários podem não esfriar tão rápido como o banco esperava.
Nesta quinta-feira, o BCE divulgou números que mostram que os salários negociados pelos sindicatos na zona do euro foram 4,7% mais altos no primeiro trimestre deste ano, em comparação com um ano antes, e mostram um aumento mais rápido do que os 4,5% registrados nos três meses finais de 2023.
O BCE já deu sinais de que reduzirá sua taxa de juro básica no início de junho, enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) ainda aguarda provas de que a desaceleração da inflação será retomada depois de reveses neste ano.
Apesar disso, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que as empresas e as famílias da zona do euro não devem contar com cortes sucessivos nos custos dos empréstimos. “Existe um grau de incerteza enorme. Não tomamos nenhuma decisão sobre o número de cortes nas taxas de juro ou sobre seu tamanho”, afirmou ele em entrevista nesta quinta-feira. “Vamos ver como os dados econômicos evoluem.”
A economista Franziska Palmas, da Capital Economics, escreveu em uma nota que é provável que uma continuidade da resiliência da economia da zona do euro torne o BCE mais cauteloso quanto a reduzir os custos dos empréstimos depois de seu primeiro corte. “Se a economia continuar a resistir bem, os cortes mais para a frente podem ser mais demorados do que prevíamos.”