Ao final de abril o Comitê Estratégico do Centro de Ciência para o Desenvolvimento – Soluções para os Resíduos Pós-Consumo: Embalagens e Produtos (CCD Circula) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) se reuniu para alinhar as estratégias do projeto. O CCD é um Centro de Ciência para o desenvolvimento de soluções inovadoras voltadas ao problema dos resíduos pós-consumo.
A Economia Circular tem ganhado evidência nos ambientes acadêmico, industrial e político como um modelo que reduz a utilização de recursos, os desperdícios e as emissões. Entende-se que ela pode gerar benefícios de cunho econômico, ambiental e social, portanto, pode promover o Desenvolvimento Sustentável.
O projeto conta com as empresas Ambev, Grupo Boticário, Braskem, Klabin, Natura e Co., Sonoco e Tetra Pak como cofundadoras, além da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. As instituições de pesquisa envolvem universidades como a FGV, USP, Unesp, Unicamp, UFMG, UnB, UNOESC, UFMS, Senai, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (Ipt) e Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), que faz parte do Instituto de Tecnologia de Alimentos – Ital, e sedia o projeto.
A pesquisadora principal do projeto, Eloisa Garcia, explica que a proposta não é algo simples, sendo um trabalho multidisciplinar. “Por isso, faz sentido ter muitas instituições envolvidas, criando uma rede de pesquisa que se fortalece com academia e mercado. O Comitê Estratégico tem a missão de priorizar os projetos e analisar seu andamento. Aqui temos uma visão estratégica do CCD pois temos um objetivo de longo prazo para que o centro se consolide como referência em gestão de resíduos sólidos urbanos”, explica a professora.
O projeto, cofinanciado pela Fapesp, tem o desafio de envolver a tríplice hélice, em que governo, instituições de pesquisa, universidades e empresas trabalham na solução de problemas e inovam juntos. As empresas colaboram com investimento, equipe, dados técnicos e experiências anteriores, além de análise crítica e aplicabilidade.
Sílvia Dantas, pesquisadora e diretora do CETEA, comenta que a reunião teve um acompanhamento dos 15 projetos em andamento, além da divulgação de novas propostas. “Com a reunião pretendemos aumentar a interação entre todos com a intenção de ter um pensamento único, alinhado nos objetivos do centro. Tivemos no primeiro ano aquisições de equipamentos e a estruturação da governança do projeto. Estamos tendo um aprendizado muito bom com as instituições, na relação com as empresas, em um caminho produtivo que trará bons resultados para a sociedade”.
A FGV EAESP contribui no projeto liderando a plataforma Gestão e Inovação para a Economia Circular nas Organizações e Cadeias. Ela é formada por projetos como o “Impacto Social e Inovação: o papel dos Catadores na Economia Circular”. O Objetivo geral é desenvolver soluções e metodologias inovadoras para a inserção dos catadores na cadeia de logística reversa de embalagens. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 800.000 catadores, entre autônomos e organizados, quase 2 mil cooperativas ou associações de catadores, distribuídas por quase mil municípios.
A pesquisadora da FGV, Susana Pereira, coordenadora desta plataforma, uma das cinco do projeto, afirma que “este projeto de fato responde a demanda que a sociedade tem pedido à academia. A FGV está entre as pioneiras nesse tipo de projeto e construindo um excelente trabalho. Assim, trabalhamos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, formamos pesquisadores críticos e encontramos soluções aplicáveis e eficazes para a sociedade. Isso é a conexão entre e mercado e academia na prática”, finaliza a pesquisadora.
A representante da Sonoco e analista de ESG, Maria Victória Santiago, destaca que “a Sonoco entrou nessa parceria porque muitas vezes não há braços suficientes dentro da empresa para realizar todo o trabalho. Temos o intuito de fomentar a tecnologia e a pesquisa, e nos mantermos envolvidos no universo de reciclagem de embalagens. Podemos apoiar o projeto com nosso conhecimento e aprender aqui também. Esse tipo de parceria ainda é raro no Brasil”, comenta Maria Victória.
Valéria Michel, diretora de sustentabilidade da Tetra Pak lembra que a empresa já trabalha há 25 anos com gestão de resíduos, principalmente para a embalagem longa vida, tendo criado a cadeia de reciclagem deste produto. “Não existia uma cadeia de reciclagem e nós construímos uma e descobrimos o que funciona e o que não funciona. Esse conhecimento prático de campo pode ser útil aqui e podemos contribuir no projeto. Também queremos aprender com as outras empresas e formar parcerias. Não adianta fazer sozinho, as empresas tem que trabalhar juntas para conseguirmos aplicar uma escala, que é o grande problema do Brasil atualmente”, conclui a diretora.
Por fim, Edson Pacheco, analista sênior de sustentabilidade na Klabin, explica que o CCD quer promover uma integração de vários atores da cadeia para promover a circularidade. “Acreditamos que não tem como promover essa agenda sozinho, os desafios são enormes, o dinheiro é escasso e é muita gente para gerenciar. Hoje de fato percebemos como vamos atuar em diversas frentes desde desenvolvimento, pensando em pós-consumo, cadeia, catador e legislação. É um projeto de longo prazo pra gente”, explica o representante da Klabin.
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