O turista israelense Dan Hen, que acompanhava a também israelense Alma Bohadana, de 24 anos, no passeio ao Cristo Redentor pouco antes de ela cair de uma mureta de cerca de 15 metros, relatou ao GLOBO o desespero que viveu na noite de terça-feira. O jovem disse ficou com a amiga até saber de sua morte. “Estive com ela do momento em que caiu até o último minuto”, revelou. Segundo depoimento dado à Polícia Civil, os dois foram abordados por suspeitos que estavam em um carro vermelho, por volta das 18h30 de segunda-feira, em Santa Teresa, na região central do Rio.
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Segundo Dan, ele e Alma foram alvos de criminosos que anunciaram uma tentativa de assalto. Amigos de Alma contaram que a jovem teve uma experiência traumática envolvendo assaltos em outro país, o que poderia ter motivado a reação. Os dois israelenses passavam pela Rua Almirante Alexandrino no momento da abordagem.
De acordo com o jovem, eles tiveram dificuldades para pedir um carro por aplicativo na volta do Cristo e optaram por fazer o trajeto de volta a pé. Inicialmente, a polícia informou ter havido três versões no relato inicial de Dan Hen a PMs do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur). Ele nega. O israelense diz só ter existido uma versão desde o princípio:
— Não mudei de versões durante os interrogatórios. Estive com ela do momento em que caiu até o último minuto. Não tem motocicleta na história, nunca teve. Fui interrogado quatro vezes, disse a mesma coisa todas as vezes. Não tem contradição — afirmou o rapaz ao GLOBO.
Dan Hen contou que encontrou Alma ainda com vida e esperou pela chegada do Corpo de Bombeiros ao lado da amiga. O jovem já havia dito isto em depoimento à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) logo após o acidente.
— Gritei por socorro. Algumas pessoas que moram pela região vieram, tentaram ajudar. Eles trouxeram água do rio — lembrou.
Segundo Dan, Alma era uma pessoa feliz, radiante e que estava sempre sorrindo.
Jovem é tratado como testemunha
A polícia ainda não havia encontrado os pertences da israelense até a manhã de terça-feira. À tarde, no entanto, funcionários do hostel onde a jovem estava hospedada informaram ter achado as malas dela no quarto de uma amiga, com quem ela teria deixado a bagagem antes do passeio.
O celular de Alma foi apreendido pela polícia durante a perícia. Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Dan Hen não é tratado como suspeito, mas sim como testemunha do crime.