Fotos: Divulgação
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Inteligência Artificial (IA) na educação e na cultura, os rumos e limites da internet e exclusão e inclusão no mundo digital são temas de palestras, debates, oficinas e workshop gratuitos no Teatro CHC Santa Casa, nos dias 2 e 3 de maio. Os ingressos podem ser adquiridos pela plataforma Sympla sem qualquer custo aos participantes.
Para falar de Inteligência artificial na educação, na arte e seus limites éticos, a consultora e pesquisadora Laura Trachtenberg Hauser participará de oficinas e palestra sobre o tema. (veja programação detalhada das palestras e oficinas no final desta matéria)
Ela é graduada em História pela Universidade Panthéon-Sorbonne, na França, com mestrado em Sociologia da Cultura pela Sorbonne-Nouvelle e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.
Laura adiantou ao Extra Classe que preparou uma aula que trabalha os conceitos chaves sobre inteligência artificial, porque ela acredita que se fale muito sobre o tema, mas que existe uma grande confusão conceitual.
“Por isso não só trabalho esses conceitos, mas também sobre o que a gente pensa sobre eles e sobre o mito por trás desses conceitos. Depois falo sobre os impactos da inteligência artificial na arte, na cultura e na educação, sempre trazendo questionamentos éticos durante todo esse percurso”, pondera.
Segundo a palestrante, é uma aula debate, toda permeada por perguntas.
“Como a gente anda falando aqui sobre a era da IA, é mais importante saber fazer perguntas do que ter as respostas. As pessoas podem, portanto, esperar uma abordagem bastante crítica sobre a inteligência artificial, mas não tecnofóbica. É uma abordagem crítica, mas que também vê os lados positivos, sem pânico. Será uma aula aberta, que vai além da superficialidade que eu costumo ver no debate sobre isso hoje em dia. A ideia da minha palestra é pensarmos juntos sobre o assunto”, explica.
Sobre a IA ser uma ameaça ou aliada da educação, Laura entende que, como toda tecnologia, a inteligência artificial pode ser as duas coisas.
“A radiação faz a bomba atômica e serve para tratamento de câncer. Eu acho que como aliada ela pode ser uma ferramenta muito legal para o professor em questões práticas, como a gestão da aula, elaborar cronogramas, planos de ensino, ter ideias de títulos, ideias de conteúdos mais criativos. Em tudo isso ela pode ser uma grande parceira e fazer o professor ganhar tempo. Se bem utilizada, ela pode ser muito legal pros alunos também. Pois é uma ferramenta de desenvolvimento”, defende.
Ela dá exemplos de casos de professores que usam a inteligência artificial pra estudar filosofia, por exemplo, fazendo perguntas como se estivesse fazendo a Sócrates ou a outros filósofos.
“Isso é muito bacana. No entanto, eu acredito que ela se torna uma ameaça quando a gente deixa a inteligência artificial tomar decisões que deveriam ser humanas”. Ela cita um caso de uma escola nos Estados Unidos que deixou um algoritmo escolher quais professores seriam demitidos.
“Isso é um absurdo e é óbvio deu errado. O mesmo vale para a IA escolher qual conteúdo vai ser passado em sala de aula. A gente tem que lembrar que essas ferramentas são feitas por alguém. Elas tem vieses. Elas não são completamente neutras. Assim como, quando eu, o professor ou o aluno deixa de pensar e delega as opiniões para inteligência artificial, aí sim, a gente entra no campo da ameaça”, opina.
Para tratar do sugestivo tema A Internet Deu Ruim: da digitalização de acervo aos NFTs, o jornalista Thiago Carrapatoso vem de Portugal para expor sua análise crítica sobre o uso das tecnologias.
Em conversa com o EC, o jornalista adiantou um pouco do que será sua palestra. “Para entender o porquê deu ruim, temos que olhar para trás para entender de onde saímos e onde estamos hoje. Quando estávamos na incipiente internet, umas décadas atrás, havia uma ideia que a conexão entre pessoas, independente de onde elas estivessem, trazia uma colaboração mundial nunca antes vista”, contextualiza.
Segundo ele, era como se, finalmente, o mundo deixasse de existir barreiras e fronteiras e todo o tipo de comunicação, todo o tipo de troca, era possível.
“Quando chegou o www, colocar conteúdos disponíveis para todos acessarem ficou muito mais fácil. Qualquer um, sem importar formação ou ideologias, podia criar um site com seus textos e divulgar suas ideias, pesquisas e conteúdos. E todos que tivessem uma conexão de internet disponível, poderiam acessar a esse conteúdo”, relembra.
Para o palestrante, esse sentimento era constante e o comum, o que gerou o segundo passo que ficou conhecido como Web 2.0.
“Não se precisava mais ler o conteúdo, mas sim interagir e engajar, além de que (com a melhora da banda e a velocidade) era também possível adicionar vídeos facilmente carregados em seu computador. Era uma atmosfera de colaboração mundial, em que havia um grande otimismo de como a internet poderia conectar culturas, mundos. Com o passar dos anos, vimos, porém, que a internet, em vez de ficar distribuída, se tornou concentrada na mão de poucas empresas, oriundas praticamente de um único país. A concentração dos usos acabou por jogar por terra essa ideia de colaboração universal. E é por isso que ela deu ruim: de um projeto utópico de troca entre pares se tornou uma concentração massiva em pouquíssimas empresas que definem e determinam os nossos usos”, acrescenta.
Na sexta-feira, 3, a professora de Direito da UFRGS Lisiane Feiten Wingert Ody propõe discussões sobre as vantagens e desvantagens de recorrer à inteligência artificial no âmbito das artes e da cultura.
Na sequência, o designer de interface Carlos Donaduzzi oferece uma imersão nos fundamentos da IA aplicados à criatividade.
Também haverá palestras sobre a exclusão e inclusão no mundo digital a partir dos algoritmos e sobre como a tecnologia é trabalhada no setor artístico e museológico.
A atividade integra o Projeto Humanidade CHC, realizado pelo Centro Histórico-Cultural Santa Casa. O Projeto Humanidade teve início em março com o ciclo “O Humor nos Tempos de Cólera” e prevê cinco encontros bimensais ao longo do ano. Tem o financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura, patrocínio da Agrogem, Dorf Ketal e Grendene, e é uma realização do CHC Santa Casa e Ministério da Cultura/Governo Federal.
O projeto tem o financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura, patrocínio da Agrogem, Dorf Ketal e Grendene, e é uma realização do CHC Santa Casa e Ministério da Cultura/Governo Federal. A concepção e a curadoria são da produtoras culturais Dedé Ribeiro e Luiza Pires (Liga/Dux).
Segundo elas, encontros dos dias 2 e 3 pretendem explorar questões relacionadas à educação, arte e outros campos, promovendo debates não apenas aos aspectos técnicos da IA, mas também seu impacto ético e legal.
RESUMO
Humanidade CHC | Inteligência Artificial: arte, educação e ética
Quando: dias 2 e 3 de maio, com atividades das 9h às 20h30
Onde: Teatro do CHC (Av. Independência, 75, Porto Alegre)
Ingressos: gratuitos, pelo Sympla
PROGRAMAÇÃO
Dia 2 de maio
9h às 13h – Oficina “IA & EU: arte, educação e ética”, com Laura Trachtenberg Hauser
14h às 18h – Oficina “ A Internet Deu Ruim: da digitalização de acervo aos NFTs”, com Thiago Carrapatoso
19h – Palestra “Tecnodiversidade: exclusão e inclusão no mundo digital”, com Laura Trachtenberg Hauser
Dia 3 de maio
9h às 13h – Oficina “Inteligência Artificial e Cultura: uma discussão necessária”, com Lisiane Feiten Wingert Ody
14h às 18h – Oficina “Processo Criativo com ferramentas de IA com Carlos Donaduzzi”
19h – Palestra “A Internet Deu Ruim: A inteligência artificial”, com Thiago Carrapatoso
*As sinopses completas de cada atividade podem ser obtidas no site chcsantacasa.org.br.