Nesta segunda-feira, 29, militantes de sete movimentos sociais, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas para pressionar contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento como superintendente do órgão. Nascimento foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após a exoneração do primo dele do cargo.
De acordo com o MST, a nomeação de Junior Rodrigues no último dia 24 “representa a continuidade da gestão com traços do bolsonarismo, herdado pela condução de César Lira desde o governo (do ex-presidente Michel) Temer”. Como mostrou o Estadão César Lira foi exonerado no último dia 16 por causa de cobranças do movimento que consideram o primo do deputado um “inimigo da reforma agrária”.
Menos de dez dias após a substituição de César por José Ubiratan Rezende Santana, engenheiro agrônomo indicado pelo MST, o governo exonerou novamente o superintendente do cargo. As trocas na gestão se dão em um contexto de crise entre o presidente da Câmara e o Palácio do Planalto, principalmente por causa dos embates entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A saída encontrada pelo governo, no entanto, desagradou os movimentos. Em nota, o MST afirma que os manifestantes “não vão aceitar a nova indicação para o cargo” até que o nomeado “esteja alinhado aos desafios e expectativas da pauta agrária no estado”.
A atuação do novo superintendente na Naturago, ONG que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária e estabeleceu um acordo de cooperação técnica com o Incra é vista pelos movimentos como uma prestação de serviços “que foi marcada por uma série de problemas na sua condução”.
Por isso, a nomeação do indicado por Lira para o cargo, de acordo com o MST, “acende mais uma luz amarela na condução da política agrária em Alagoas que tem sua cadeira rifada aos interesses individuais em virtude das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas no estado”.
Além de membros do MST, a invasão também conta com integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Terra Livre e da Frente Nacional de Luta (FNL). A ação se dá durante o “Abril Vermelho”, que promove uma série de invasões de terras que tem como objetivo relembrar o assassinato de 21 trabalhadores sem-terra pela Polícia Militar do Pará em 1996.