Há dois anos, a jovem Riany Campelo Garcia, 15 anos, estudante do ensino médio, decidiu mudar de vida. Ela começou a praticar esportes visando mudar a realidade vivenciada de inseguranças, medos e frustrações originárias do bullying que sofria na escola por colegas e amigas.
A agora campeã em corrida, possui uma rotina regrada com dieta, tratamentos com profissionais especializados e treinos semanais com a finalidade de avançar no esporte que já faz parte da sua vida e decidiu se tornar parte do seu futuro profissional.
Ela visitou a redação do TP como forma de incentivar os jovens. Com um sorriso nos lábios ela afirmou gostar principalmente de distâncias longas: “Correr hoje é minha vida, é o que quero fazer, mas meu sonho é fazer meia maratona e depois uma maratona, além de triatlo (composto por três modalidades esportivas – corrida, ciclismo e natação)”.
Segundo Riany, a corrida de forma competitiva iniciou através do pastor Cristiano Schmit hoje já falecido, com o projeto Juntos Somos Mais Fortes. “Ele me viu correr na rua e disse que eu tinha potencial, momento em que comecei a fazer parte do projeto. Nem eu sabia que eu tinha esse perfil, não acreditava em mim, mas ele acreditou e logo em seguida já participei da primeira corrida”, relembra a jovem que já incentivou alguns candiotenses a também praticarem a atividade. “Com o esporte temos um novo estilo de vida, só ainda vejo que no município não temos um local adequado para treino”.
Entre as conquistas da jovem estão 4º lugar em Aceguá, destaque pela idade em Pelotas, 3º lugar em Bagé, 3º lugar em Porto Alegre.
CORRIDA COMO SALVAÇÃO
Riany contou à reportagem que o esporte a salvou, sendo um divisor de águas. “Minhas colegas e amigas me chamavam de gorda e aquilo começou a me fazer mal. Parei de comer, provocava o vômito para meu organismo não absorver o que eu comia, acabei perdendo mais de 20 quilos, sai dos 64 quilos para os 39 e vi minha vida desabar em decorrência já de um transtorno alimentar. Por mais que eu estivesse magra, eu me enxergava gorda, muitas vezes mascava a comida e cuspia fora, colocava no bolso. Na escola diziam para eu me distrair, foi quando o esporte entrou na minha rotina. Comecei a ver meus pais tristes, chorando todos os dias, sofrendo e lutando por mim, fato que me fez reavaliar e me ajudar, mudar. Voltei a comer e pedi para fazer academia e depois corridas na rua. Mas hoje se estou bem agradeço aos meus pais que não desistiram de mim”, relatou a jovem que, em consequência da perda de peso e condições físicas da época, estava prestes a ser diagnosticada com leucemia e já possuía indicação médica para internação devido às taxas baixas.
Acompanhando a filha, Marcia Campelo, emocionada falou da angústia vivida pela família. “Via minha filha se entregando dia a dia e não sabia mais o que fazer. Ela estava só osso e se achava gorda. Eu pensava em como eu veria minha filha no verão daquele estado. Bullying e preconceito pelo tipo físico é coisa séria e podem acabar com uma pessoa, os pais devem estar atentos a isso”, destacou Marcia que hoje também pratica o esporte incentivada pela filha.
Riany deixa uma mensagem, principalmente aos jovens. “O preconceito não traz benefícios para quem tem. A pessoa que comete tem que mudar e não deixar os problemas de casa causarem outros a outras pessoas. Quem sofre algo deve levantar a cabeça, fazer uma atividade, pensar em si e não se deixar abater”.
Ela faz alguns agradecimentos para pessoas e locais que foram fundamentais para sua recuperação. “A minha psicóloga Lizi Arrieira Garcia me ajudou muito na época que estava depressiva e com transtorno alimentar, meu nutricionista Ranieri Valente, e a academia AltaPerformance By Josi que me ajudaram muito”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*