A brasileira se mudou para Portugal aos 16 anos com a família, fez faculdade na Inglaterra e construiu toda a sua carreira internacionalmente e em diferentes áreas dentro do maior grupo de beleza do mundo. “Sou uma L’Oréal baby”, diz, explicando que é assim que chamam os funcionários que começaram na empresa ainda na faculdade.
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A porta de entrada para uma carreira que já soma mais de 15 anos na empresa foi a produção de um evento na sua faculdade. Depois de formada, foi trainee em Londres, onde assumiu diferentes posições de liderança. “Cada marca em que eu trabalhei tinha modelos de negócios, consumidores e produtos diferentes”, diz a executiva, que se apaixonou pela divisão de luxo. “Era mais família, com atenção ao detalhe. Mesmo como estagiária, eu conseguia contribuir bastante.”
Aqui, Marina Torres fala dos desafios de liderar equipes com culturas diferentes e mostra como desenvolveu flexibilidade para lidar com os erros e aprender com eles. “Na minha bagagem, tem muito mais projetos que não deram certo e que me ensinaram a ser resiliente, mudar o curso e manter a equipe motivada.”
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Forbes: Por que você decidiu voltar ao Brasil depois de mais de 20 anos?
F: Como e por que construir toda a carreira dentro de uma mesma empresa?
MT: Hoje em dia nós vemos muito mais as pessoas mudando de indústrias ou de companhias e menos fazendo carreira em uma empresa. Houve vários momentos em que eu me perguntei se eu não estava me fechando a outras oportunidades e se deveria mudar. E a minha conclusão sempre foi que eu estou numa companhia que eu gosto e onde continuo me desenvolvendo, aprendendo e sendo desafiada. Na minha jornada, cada marca em que eu trabalhei foi muito diferente. Modelos de negócios, consumidores e produtos diferentes. E a L’Oréal no Brasil é muito diferente da Inglaterra ou em travel retail. Isso dá uma energizada e traz muito aprendizado para continuar crescendo, ao mesmo tempo em que você conhece o grupo e consegue agregar valor passando essa experiência para as pessoas.
F: Como você lidou com a primeira mudança de país e ao longo da carreira?
F: O que você mais gostava de morar fora e o que só tem no Brasil?
MT: O que eu mais gostava de morar fora era a segurança. Mas o Brasil é calor, é alegria e diversidade. Gosto muito de música popular brasileira, assim como gosto de sertanejo e rock. Adoro São Paulo, mas também amo o Rio e explorar o Nordeste. Tem algo cultural muito especial que outros países não têm.
F: Como adaptar o estilo de liderança conforme a cultura do país?
F: Além dessa flexibilidade, o que foi mais importante para desenvolver ao longo da carreira?
MT: Foram vários aprendizados e um dos mais importantes é conseguir construir a sua credibilidade com as pessoas. Nesse momento, eu estou numa posição fantástica, em um cargo alto com experiência internacional. Mas eu comecei como uma brasileira na Inglaterra e precisei fazer eles entenderem o meu potencial e confiarem em mim. Essa é uma indústria muito subjetiva e emotiva, principalmente a área de fragrância, então você precisa ter credibilidade para conseguir ter conversas elevadas. Precisa estar preparada para trazer os argumentos, entregar o que você tem que entregar e mostrar os resultados. Assim você consegue defender as suas posições com mais convicção e as pessoas vão estar mais abertas a te ouvir. É a construção da sua marca pessoal.
F: Você era a candidata perfeita para essa posição. Quais resultados te destacaram para assumir essa posição?
F: E como motivar a equipe quando nem você mesma está motivada?
MT: Eu tenho vontade de aprender e não tenho medo de buscar ajuda. Teve um momento na minha carreira que eu senti que precisava de uma ajuda e comecei a fazer terapia, o que foi muito bom tanto para a vida pessoal quanto profissional. Também participava de um grupo de líderes e de mulheres e trocar ideia com pessoas fora da indústria é muito interessante.
Não existe uma solução única. Ainda estou entendendo como as pessoas se engajam no Brasil. Para conseguir dar essa força e ser autêntica, você tem que ter essa resiliência e processar o desafio e o fracasso.
MT: Eu sempre encorajo as pessoas a fazer coisas diferentes. Uma experiência internacional é maravilhoso a nível profissional e a nível pessoal porque você aprende a lidar com uma cultura diferente, se adaptar, enfrentar o medo e sair da sua zona de conforto. Os caminhos para fazer são sempre diferentes e cada um tem que olhar o que quer tirar dessa experiência. O que eu geralmente falo para a minha equipe é: se é uma coisa que você realmente quer fazer, não desista por não ser fácil. Há várias oportunidades, e se uma não der certo, continue tentando porque é muito enriquecedor e não precisa ser para sempre, pode ser por seis meses ou um ano.
F: Qual foi o turning point da sua carreira?
MT: Eu poderia falar a nível de posição, mas acho que o turning point da minha carreira profissional foi a separação dos meus pais. Naquele momento, eu percebi que precisava ter algo que fosse meu. E a minha carreira virou essa coisa que é minha e que ninguém pode tirar de mim. Não só é algo que paga as contas, mas é realmente uma paixão. Isso mudou muito a maneira como eu vejo a minha carreira e o compromisso que eu tenho com o meu trabalho.
MT: Sabe que eu não tenho uma resposta para essa pergunta? Porque eu posso te dizer o melhor conselho que eu recebi na minha carreira, mas acho que as coisas todas se encaixaram quando tinham que se encaixar. E talvez se tivessem me falado isso antes, eu não teria passado pelos perrengues que eu passei e que me tornaram até melhor. Mas o melhor conselho que eu recebi foi que todo mundo tem a visão da carreira sendo um gráfico exponencial. Você quer sempre crescer e ser promovido porque essa é a medida do sucesso. Mas na verdade é um ziguezague.
Quando eu saí da Inglaterra eu fui para travel retail, eu deixei de ser uma diretora de marketing com 16 pessoas com um superbudget e muita visibilidade pra ir pra uma subsidiária pequena numa posição de gestora de comercial. Mas o que eu aprendi naqueles dois anos me fazem hoje uma profissional muito melhor. Eu consigo ter conversas com os clientes e com a equipe comercial porque eu passei por lá e ter feito o cargo deles me dá credibilidade para poder desafiá-los. Então esse foi um grande aprendizado que me passaram durante a carreira.
A trajetória de Marina Torres, general manager da L’Óreal Luxo
Por quais empresas passou
HSBC (estágio) e L’Oréal
Formação
Primeiro emprego
L’Oréal, Assistant Product Manager Giorgio Armani Fragrances
Primeiro cargo de liderança
L’Oréal, Senior Product Manager, YSL Fragrances
Tempo de carreira
Mais de 15 anos