Nesta sexta-feira, 3, Lula irá receber o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, em Brasília. Ambos têm uma pauta em comum girando em torno da economia — um setor que ambos os chefes de Estado têm problemas domésticos a resolver.
No cargo desde 2021, Kishida tem a missão de comandar uma das economias mais importantes e disfuncionais do planeta. Apesar de ainda ter o terceiro maior PIB do planeta, o Japão convive há décadas com uma deflação, que indica uma falta de incentivo ao crescimento do país. Para forçar a economia a girar, até o início este ano, o banco central do país tinha taxas de juro negativas — e que agora estão em 0%.
Nesta semana, Kishida ainda viu o iene se desvalorizar em relação ao dólar ao pior patamar em 34 anos. A intervenção do governo japonês de vender parte de suas reservas de dólares e comprar ienes segurou a onda, mas o governo japonês não tem muito o que fazer além disso. Com o constante aumento do custo de vida, a necessidade de importar comida e energia apenas carece com a valorização do iene e começa a pressionar politicamente o parlamento, de maioria de direta.
Com isso, crescem as chances que o Partido Liberal Democrata (LDP), dominante na política japonesa desde os anos 1960, tire Kishida do cargo de primeiro-ministro em setembro. O objetivo é a escolha de um líder que tenha caráter nacional para as eleições parlamentares de outubro do ano que vem.
Lula tem por si só um leque de problemas a resolver: sua economia até cresce, mas não como o déficit nas contas públicas. Dependente de investimento estrangeiro, a economia brasileira já dá sinais que desistiu da sua própria meta fiscal, o que motivou o dólar a disparar. Com a previsão de um PIB menor neste ano, o governo petista terá também de rebolar para conseguir dar início a reforma tributária, uma missão em que depende não apenas dos setores econômicos, mas também do Congresso.
Kishida deve ainda participar de agendas em São Paulo, após a passagem pela capital federal.
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