O evento não contou com a participação de um concorrente direto de Boulos ao comando do município, o atual prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB-SP). Além de Nunes, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), também não compareceu.
Na avaliação de aliados do atual prefeito e do governador, a decisão de não ir ao ato com Lula tomada pelo prefeito e pelo governador se mostrou totalmente acertada.
Segundo essas pessoas próximas, os dois seriam vaiados pela plateia formada por sindicalistas ligados ao PT ou que apoiam o presidente Lula caso tivessem ido até o ato no estacionamento do estádio do Corinthians.
Esses aliados consideraram também que Boulos, por sua vez seria incensado durante o evento, como acabou acontecendo em um gesto feito pelo próprio Lula.
“Esse rapaz [Boulos], esse jovem está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo, está disputando contra nosso adversário nacional, estadual e principal. Ninguém derrotará esse moço se vocês votarem no Boulos para prefeito de SP. Vou fazer apelo para quem votou no Lula desde 89, tem que votar no Boulos pra prefeito”, afirmou Lula no palco erguido para o evento.
Após o evento, em que Lula pediu abertamente votos para Boulos nas eleições de outubro, a defesa do prefeito Ricardo Nunes afirmou que entrará com medidas judiciais com pedido de aplicação de multa contra Boulos e o presidente da República.
Pela legislação eleitoral, é proibido declarar candidatura antes da hora e fazer qualquer pedido de voto de forma explícita ou implícita antes do período eleitoral. Leia nota do MDB de São Paulo mais abaixo.
Durante a cerimônia, Boulos ficou várias vezes ao lado do presidente Lula, em um gesto de campanha.
Lula entrou diretamente na disputa pela Prefeitura de São Paulo apoiando Boulos e participando da escolha de sua candidata a vice, a ex-prefeita Marta Suplicy. Ela voltou ao PT numa cerimônia que contou com a participação do presidente Lula.
Aliados de Ricardo Nunes e do governador Tarcísio de Freitas comentaram que o evento de Lula não teve uma grande participação de trabalhadores, mostrando que o presidente passa por um momento de críticas até na cidade em que ele sempre ganha eleições.
O próprio Lula reclamou dos organizadores durante o evento do público fraco em comparação com o mesmo encontro em anos anteriores.
Leia íntegra da nota do diretório de São Paulo sobre a declaração de Lula:
Segundo o advogado do Diretório Municipal do MDB de São Paulo, Ricardo Vita Porto, o partido, num primeiro momento, vai promover as medidas jurídicas cabíveis, buscando a aplicação de multa ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ao pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, por propaganda eleitoral antecipada, uma vez que houve pedido expresso de votos, durante o ato de 1º de Maio, na capital.
Paralelamente, se pedirá ao Ministério Público (MP) a abertura de inquérito para a apuração dos valores gastos com o evento, incluindo os públicos, além do uso da estrutura sindical com o objetivo de se promover candidatura.
Verificada a ocorrência de abuso do poder econômico e de autoridade, deverá ser ajuizada investigação judicial eleitoral, que poderá resultar na decretação de inelegibilidade a Lula e a cassação da candidatura de Boulos, na qualidade de beneficiário consentido da conduta vedada.
Diretório Municipal do MDB de São Paulo”