As dívidas surgem porque a empresa compra praticamente à vista para pagar a prazo. Quando ela compra, por exemplo, uma geladeira do fornecedor, a Casas Bahia tem um prazo de poucos meses para pagar o fabricante. Mas ela vende para o consumidor em 24 ou até 36 meses.
Para fechar a conta, ela pede empréstimos. É aí que mora o problema. Até 2021 e meados de 2022, ela vendeu bem e paga o que devia porque os juros estavam em baixa. Mas com a alta da Selic, ela foi tendo prejuízo, com vendas caindo e sem dinheiro para pagar os bancos.
A empresa, historicamente, sempre ganhou mais na operação financeira do que com a venda dos produtos. É o que explica Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital. “Isso, hoje, vem se mostrando um modelo cada vez mais difícil, em razão dos altos estoques e de uma operação muito onerosa”, diz ele. Por isso as dívidas cresceram tanto.
Assim ela passou a pagar juros de dívida — e muito altos. A empresa tinha uma dívida bilionária — que era corrigida, em boa parte, acima da taxa básica da economia, a Selic. Ao ano, ela chegou a pagar mais de 15% de juros. Ou seja, só em juros, foram R$ 1 bilhão ao ano. A economia de R$ 400 milhões entra aqui.
A concorrência também apertou. “Entraram novos concorrentes internacionais no mercado, principalmente estrangeiros e — nesse ponto — a Casas Bahia era muito nichada, com vendas muito concentradas em linha branca (geladeira, fogões, lavadoras). Isso prejudicou muito a companhia que perdeu mercado”, diz Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos.
E como fica o investidor?
Ele pode se dar mal. Dalltozo explica que o acordo com os bancos implica na compra de ações por parte dessas instituições financeiras. Essa compra seria feita dentro de 18 a 36 meses após o fechamento do acordo. Além disso, a compra seria feita com desconto no preço da ação de 20%.