O ministro dos Esportes, André Fufuca, avaliou nesta sexta-feira que há um espaço para entendimento com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os times para paralisar o campeonato brasileiro por 15 dias. De acordo com ele, é preciso “sensibilidade de todos” para auxiliar os times do Rio Grande do Sul, que enfrenta fortes enchentes.
De acordo com Fufuca, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, é “afeito ao diálogo” e há espaço para uma solução para o pedido da pasta.
— O Ednaldo é bastante afeito ao trato, ao diálogo, ele não gosta de impor, de tratorar nada. Só que ele colocou as ponderações que achava devidas e vamos ver no que vai dar — disse ao GLOBO.
Fufuca avalia como improvável que a suspensão dos jogos seja aplicada antes dos jogos do próximo fim de semana, mas prevê uma resolução do pedido em um período menor que uma semana.
— Acho que antes disso tem uma definição — disse. — Foi hoje que foi feito (o ofício à CBF pedindo a paralisação dos jogos), requer um pouco de tempo, não adianta a gente querer fazer um negócio desse da noite para o dia.
Fufuca declarou que a demanda partiu dos times do Rio Grande do Sul e de parlamentares do estado. Segundo ele, um período de 15 dias seria suficiente para suspender os jogos. Ele disse ainda que ligou para o presidente da CBF ontem e hoje para debater a questão.
— Liguei e falei com ele. Ele tem sensibilidade, mas tem que entender que ele também não tem poder sozinho para isso, que há todo um conjunto de times, um conjunto de pessoas. Ele vai ponderar, avaliar junto com os demais membros que compõem o Campeonato Brasileiro para ver qual a determinação deles.
O ministro evitou falar qual seria o caminho do governo caso a CBF decida não atender o pedido de paralisação, mas ele ressaltou a importância de atender a solicitação para que os jogos parem.
— Não posso fazer juízo de valor do que acho que vai ser o posicionamento dele (presidente da CBF), mas estamos falando do Campeonato Brasileiro, que envolve uma federação, uma federação é para todos os estados. Se há uma completa limitação em times da série A, B e C do estado, times grandes, estamos falando de três representantes da série A, é mais do que plausível que haja sensibilidade de outros, até porque estamos falando de jogadores que não podem treinar, de centros de treinamento que estão fechados, estádios fechados — apontou.
O ministro citou o estado emocional dos atletas.
— Vamos criar uma ilha para eles? Os caras estão abalados psicologicamente, são quase 400 mil desabrigados, inúmeros familiares, pessoas com dificuldades até de logística básica. Tem que haver um pouco de sensibilidade de todo mundo — completou.
O chefe da pasta de Esportes rebateu ainda o argumento de que a suspensão afetaria o calendário de competições internacionais.
— Para casos excepcionais existem medidas excepcionais. Nunca existiu isso, desde que a Libertadores foi criada, nunca houve um caso desse jeito. Estamos falando de um caso totalmente atípico, de ineditismo.