Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, uniu-se hoje aos investidores e analistas de mercado que não conseguem prever o que vai acontecer com os juros nos EUA neste ano.
O economista admitiu que não está totalmente claro para onde vão os níveis das taxas de juros no médio prazo, com argumentos a favor de um retorno aos níveis pré-pandemia e de um patamar alto da taxa definida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) por mais tempo.
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Os juros nos EUA estão desde o ano passado no maior patamar em duas décadas na tentativa de controlar a inflação persistente, alimentando as especulações dos mercados financeiros em todo o mundo sobre quando começarão a baixar e a tornar mais atraentes aplicações financeiras de maior risco, como ações e ativos em países emergentes.
— Sobre as taxas de juros, estou fanaticamente confuso — disse Krugman hoje em entrevista à Bloomberg TV na terça-feira, sobre se os custos dos empréstimos permanecerão acima dos níveis pré-Covid. — Qualquer pessoa que afirma saber com certeza qual é a resposta para isso está se iludindo.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos estão atualmente em cerca de 4,4% ao ano, mas que o dobro do patamar na véspera da pandemia, quando estavam abaixo de 2% na véspera da pandemia.
Krugman, que agora atua na City University de Nova York, afirmou que é possível que uma série de dinâmicas tenham “mudado o quadro” em comparação com o período pré-Covid. Ele citou o aumento substancial da imigração, juntamente com a política industrial da administração Biden, “que está induzindo muitos investimentos industriais” para indicar que o futuro dos EUA pode ser de inflação e juros mais altos.
Ele também previu que as empresas deverão aumentar seus investimentos para incorporar novas tecnologias, como a inteligência artificial, disse Krugman. No entanto, disse o economista, o cenário pode muito bem ser outro:
— Talvez na verdade 2019 ainda seja o que deveria ser o nosso referencial, e vamos voltar a ter taxas de juro muito baixas.
Ele também se questionou se estatísticas dos economistas sobre inflação estão apontando de fato uma alta ou apenas uma fase transitória:
— Eu poderia defender qualquer um dos casos.
Krugman só foi mais assertivo ao comentar as preocupações em torno da alta acelerada do endividamento dos EUA, a maior economia do mundo:
— Qual é o registo histórico de países, que contraem empréstimos na sua própria moeda, que vivenciaram esse tipo de crise da dívida, uma greve dos credores, algo assim? — disse, afastando dificuldades de financiamento para o Tesouro americano. — Quase não há exemplos disso.
No entanto, ele afirmou que há um problema a ser corrigido na expansão dos gastos do governo americano com benefícios sem um aumento de receitas ou cortes de gastos sociais, duas saídas que avalia como inviáveis politicamente.
Mas ele observou que outros países têm situações preocupantes, como o Japão, apontando “uma dívida enorme há décadas” e “déficits enormes e persistentes”, mas frisou que “ainda não há crise”.