Uma longa fala de Haddad na Câmara mostra o raciocínio como um todo:
“Se nós queremos a meta de 3%, que é uma meta ousada para o histórico do Brasil, temos que abrir um pouco o debate e pensar um pouco na questão institucional e verificar regras de vinculação sustentáveis ao longo do tempo à luz da herança que nós recebemos. A partir de um ponto, quando a inflação está baixa, você traz ela para a meta, ela começa a ficar um pouco insensível à taxa de juros. E quando isso acontece, algumas pessoas podem pensar: então vamos abrir mão da meta.
A resposta que eu já dei para várias pessoas que me perguntaram isso: se o Brasil está com dificuldade de cumprir uma meta mais baixa, se a inflação fica insensível à taxa de juro, nós temos que pensar nas condições institucionais do País. Por que ela (inflação) está resistente? Tem uma dimensão institucional. E uma das questões institucionais é o nosso quadro fiscal no sentido amplo, as vinculações, uma série de problemas da nossa Constituição aos quais não foram dados os tratados adequados até agora, na minha opinião”.
Durante a audiência, dois deputados mostraram preocupação com o tema, Mauro Benevides Filho (PDT/CE) e Pedro Paulo (PSD/RJ).
Mauro Benevides lembrou que a previsão é que: “em 2027, dos R$ 130 bilhões necessários para a máquina pública funcionar, só teremos 45 bilhões”. Para Pedro Paulo, o termo correto da alteração seria revinculação: “Não estamos falando de desvinculação mas adequação à regra do arcabouço, com todas as despesas com regra única”.
Ao responder aos questionamentos, o ministro Fernando Haddad lembrou a história das vinculações dos gastos com educação, que vêm de antes da Constituição de 1988, e defendeu uma nova regra que não seja alterada de acordo com o espectro político do governo.