Escolas precisam cumprir lei de 2003 que obriga oferta do ensino da cultura afro, afirmam especialistas ouvidos pelo UOL. “A escola precisa promover tudo isso de forma ativa e intencional. Vou convidar um profissional da medicina? Por que não chamar um médico negro?”, questiona a advogada Evie Barreto, uma das fundadoras da comissão antirracista do colégio Equipe.
Objetivo da legislação é que o ensino afro seja oferecido em todo o ano escolar. Se o tema é usado como “mera adereço festivo”, o combate ao racismo fica distante no ambiente escolar, afirma Adriana Moreira, coordenadora de equidade racial e educação da Uneafro.
No caso da filha da atriz, Samara afirma que a adolescente já era excluída na escola. “Essas agressões eram sutis, coisa de dia a dia, acusação de alguma coisa, fofoca com o nome dela em outra, exclusão de um grupo, brincadeirinhas de ela chegar em um grupo e elas saírem correndo”, relatou a atriz.
Colégios devem entender que caso não é isolado. “As agressões racistas ganham espaço na medida em que nenhuma atitude é tomada”, afirma Adriana. Para ela, as escolas também erram quando não constroem um clima seguro para estudantes negros.
Responsabilidade pela educação antirracista não é só da escola. “A gente compartilha a educação com a família. É uma corresponsabilidade com os pais e com a sociedade. E é educando que essas práticas serão mudadas socialmente”, afirma Luciana Fevorini, diretora do colégio Equipe.
Os alunos precisam também de exemplos positivos. A força da imagem se sobrepõe à palavra. Com quem seu filho convive de forma igualitária? Ele convive com pessoas negras de forma igualitária ou só quando pessoas negras estão em uma posição social inferior a ele?
Thales Vieira, do Observatório da Branquitude