Ex-filiada do partido Rede, a secretária municipal de Cultura de São Paulo, Lígia Jalantonio, que hoje está no MDB, falou ao Papo com Editor, do Broadcast/Estadão, sobre sua atuação política no passado, sua oposição ao governo Jair Bolsonaro (PL) e como ela encara o apoio do ex-presidente à campanha de reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Entre 2018 e 2020, Lígia participou de manifestações contra a gestão do então presidente Bolsonaro – que hoje forma uma aliança com Nunes na disputa pela capital paulista. A secretária disse que “não apaga” da sua história seu passado, e que enfrentou uma “reverberação” dessa atuação dentro da administração.
No entanto, afirmou que sua atuação no secretariado de Nunes é técnica e que entende a busca do prefeito por uma frente ampla. “Da minha parte, estou com o prefeito Ricardo Nunes na pauta da cultura”, disse. “Não sinto nenhum desconforto com relação a isso porque o nosso foco é o trabalho. (…) Estarei com o prefeito Ricardo Nunes na campanha, independentemente de quem esteja do lado dele”, acrescentou.
Secretária de Nunes elogia Ministério da Cultura de Lula
Lígia também destacou o trabalho da ministra da Cultura, Margareth Menezes. Classificando como importante a retomada de um Ministério da Cultura, a secretária disse que é necessário ter uma coordenação federal para levar os programas do governo para os municípios. E, para ela, a ministra Margareth “tem um olhar muito sensível” para ações afirmativas, como a contratação de pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência, por exemplo.
Alta nos custos da Virada Cultural acompanha aumento de cachês
A secretária municipal de Cultura ainda reconheceu que a Virada Cultural de São Paulo tem ficado mais cara ao longo dos anos e citou a possibilidade de um patrocínio para as próximas edições. Mesmo com o dispêndio, Lígia defendeu que o evento, além do retorno financeiro para a cidade, é importante para a formação de profissionais da área.
Neste ano, a Prefeitura investiou R$ 60 milhões no evento, R$ 14 milhões a mais do que a edição do ano passado. Segundo a secretária, parte desse aumento se justifica devido aos valores cobrados pelos artistas. “No Brasil, é um momento onde os artistas deram um ‘upgrade’ nos cachês, que é um valor que a gente não consegue controlar na administração pública”, afirmou. No entanto, para os próximos anos, a secretária disse esperar uma regulação do mercado de um “modelo mais próximo do ideal”.
“Para 2025, nossa expectativa é não ter um aumento tão significativo quanto teve agora, a não ser que a gente invista em mais palcos pela cidade”, disse Lígia.
A secretária também afirmou que existem estudos para diminuir o desembolso da administração pública, por meio de patrocínios. Segundo ela, a possibilidade foi considerada ainda neste ano, mas não foi possível implantá-la. “Eu acredito que para o próximo ano, se a gente conseguir se aprofundar nesse estudo, esse é um caminho, é um modelo que a gente vem estudando sim”, afirmou.