A Inteceleri Tecnologia para a Educação, de Belém (PA), surgiu em 2014 para ajudar os estudantes a aprender matemática de uma maneira mais atraente. Por meio do projeto Edu Tech Amazon, que engloba três principais soluções, vem conseguindo que alunos não apenas se interessem e tirem melhores notas nessa disciplina, mas também aprendam a gostar dela. A startup foi uma das selecionadas do 100 Startups to Watch 2023.
Essa missão não é fácil. A educação no Brasil tem desafios complexos que vão desde a atração e formação de bons professores até a retenção dos alunos em todas as etapas de aprendizagem. Um obstáculo, no entanto, é destaque tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio: justamente a matemática. Dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) mostram que o Brasil está muito longe da média dos países desenvolvido em várias disciplinas, mas nesta, em especial, a distância é ainda maior.
Logo de saída, a empresa tornou-se parceira do Google For Education, o que ajudou a formatar melhor seus objetivos. “A Inteceleri começou com o Matematicando, uma metodologia que usa cores como gatilho de memória para ensinar as operações básicas, além de neurociência, tudo isso em um ambiente gamificado”, explica Walter Júnior, 49 anos, sócio-diretor e CEO.
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Além do Matematicando, a startup oferece outro aliado no processo de educação, o GeoMeta, um método para ensinar geometria plana e espacial no metaverso. Para isso, conta com um ambiente virtual, o MiritiBoard VR, óculos de realidade virtual acessível, feito de uma palmeira da floresta amazônica retirada de forma sustentável. Ele funciona de maneira bem simples: basta encaixar um smartphone na caixinha produzida com esse material e ele está pronto para funcionar.
“Os óculos de realidade virtual democratizam o uso do ambiente virtual dentro da sala de aula, principalmente em instituições públicas, porque proporcionam experiências imersivas com e sem internet, superando a falta de infraestrutura”, afirma Walter Júnior.
Ele conta que o objetivo da empresa é usar a tecnologia para tornar o aprendizado mais simples, acessível e democrático. “Queremos levar conhecimento, principalmente, para os alunos menos favorecidos – hoje, 90% da nossa operação é voltada às escolas públicas”, diz Júnior.
Criatividade com inovação
Com um smartphone e a caixinha que o torna um óculos de realidade virtual, segundo o empreendedor, dá pra levar o aluno para uma imersão interessante. “Ele pode estudar História visitando a Itália. Ou geometria, visitando uma torre famosa na França, convertendo-a em uma forma geométrica”, explica Walter Júnior.
A Inteceleri entende que a metodologia democratizada pode trazer resultados tanto para o professor quanto para o aluno. Ele facilita a didática para o primeiro, e o aprendizado para o segundo. Júnior afirma que as soluções que disponibilizam vão além da formação de crianças e adolescentes. “Um estudo que mapeou alunos da Universidade Federal do Pará revelou que eles triplicaram a média de suas notas em matemática e geometria depois de experimentar nosso método para aprimorar seus conhecimentos. Uma prova de que o problema com essas disciplinas vem da base e os estudantes chegam à graduação ainda com déficit enorme”, diz.
A startup já atendeu mais de 600 mil alunos com o Edu Tech Amazon, em seis estados brasileiros – Amazonas, Amapá, Ceará, Maranhão, Pará e São Paulo – e também em Portugal, Angola e França. Júnior conta que o objetivo principal deste ano é estar em todos os estados da Amazônia e, em 2025, expandir para outros locais do país.
Para atingir a meta de faturamento de R$ 6 milhões até o fim de 2024, ante R$ 4 milhões do ano passado, eles estão investindo em melhorias nas suas soluções. No final de 2023, captaram R$ 2 milhões do Programa Finep Startup, instituição de fomento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Os recursos vêm sendo aplicados em melhorias nos produtos, na experiência do usuário e na expansão de mercados. Os óculos, por exemplo, ganharão novidades de interação, assim como o GeoMeta. “Queremos atender 100 mil alunos só neste ano. O objetivo do primeiro semestre foi cumprido”, comemora Júnior. E se atualmente o foco é a rede pública, o B2G (governo), já há negociações para ampliar o mercado para o B2B (instituições de ensino privadas) e B2C (consumidor final).
Estar entre as 100 Startups to Watch foi mais uma vitória para a Inteceleri. Júnior conta que a chancela trouxe reconhecimento e visibilidade. “Sentimos uma repercussão considerável. Muitos vieram nos procurar, principalmente possíveis investidores – e olha que somos uma empresa de tecnologia para a educação que está na Amazônia! Fiquei tão emocionado que emoldurei a revista e pendurei na parede.”