Combinação de fatores explica impacto devastador das chuvas no vale do Taquari
A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação (veja a lista abaixo).
A Defesa Civil afirma que além dos 32 mortos e 60 desaparecidos, 36 pessoas ficaram feridas. O órgão soma cerca de 14,8 mil pessoas fora de casa, sendo 4.645 pessoas em abrigos e 10.242 desalojados (na casa de familiares ou amigos). Ao todo, 154 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 71,3 mil pessoas.
“As nossas projeções ainda indicam que ele vai ultrapassar a cheia de 1941, atingindo 5 metros no período do final da tarde de sexta-feira (3) também”, diz Pedro Luiz Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do RS.
Em 1941, uma enchente inundou Porto Alegre, provocando a construção de um sistema anticheias.
Enchentes no Guaíba
A tragédia desta semana já deixou 32 pessoas mortas. O levantamento oficial da Defesa Civil informa 29 óbitos. A RBS TV apurou que há outras três vítimas – em São Vendelino (1) e Taquara (2) –, com informações de prefeituras, bombeiros, polícia militar e outros órgãos locais.
Cidades com mortes confirmadas pela Defesa Civil: 29
- Canela (2)
- Candelária (1)
- Caxias do Sul (1)
- Bento Gonçalves (1)
- Boa Vista do Sul (2)
- Paverama (2)
- Pantano Grande (1)
- Putinga (1)
- Gramado (4)
- Itaara (1)
- Encantado (1)
- Salvador do Sul (2)
- Serafina Corrêa (2)
- Segredo (1)
- Santa Maria (2)
- Santa Cruz do Sul (2)
- São João do Polêsine (1)
- Silveira Martins (1)
- Vera Cruz (1)
Desaparecidos contabilizados pela Defesa Civil: 60
- Candelária (8)
- Encantado (6)
- Itaara (3)
- Lajeado (5)
- Passa Sete (1)
- Pouso Novo (1)
- Roca Sales (10)
- Santa Cruz do Sul (1)
- São Vendelino (2)
- Sinimbu (1)
- Marques de Souza (13)
- Montenegro (1)
- Teutônia (3)
- Três Coroas (3)
- Travesseiro (2)
O governo do estado emitiu alertas com relação a barragens em diversas regiões do RS. A barragem Blang, no Rio Caí, perto de São Francisco de Paula, é monitorada devido ao risco de rompimento. Outra estrutura em estado crítico é a barragem São Miguel, entre Bento Gonçalves e Pinto Bandeira.
Diferente das barragens de rejeitos de minério, como as que provocaram as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, as estruturas sob risco no estado são de usinas hidrelétricas. As barreiras represam a água de rios para a geração de energia.
Rompimento de barragem mantém cidades do RS em situação de alerta
Além das cheias, o Rio Grande do Sul está em risco de deslizamentos. O estado já registrou vítimas de soterramentos. O governador Eduardo Leite alertou para o perigo em regiões de relevo elevado, como a Serra e os vales dos rios Taquari e Caí.
“É também evitar estar em localidades, encostas de morros que estão com o solo encharcado e têm chance de deslizamento. Já são muitas pessoas vítimas por soterramento aqui no estado. Então, nestas cidades, também do Centro pra Serra, região dos vale, em cima da Serra, parte do Litoral, especial cuidado com encostas de morros”, afirma Leite.
Bacias hidrográficas com risco de inundação severa:
- Quaraí
- Ibicuí
- Vacacaí-Vacacaí Mirim
- Alto e Baixo Jacuí
- Ijuí
- Piratini
- Butuí-Icamaquã
- Pardo
- Passo Fundo
- Várzea
- Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo
- Tramandaí
- Mirim-São Gonçalo
- Taquari-Antas
- Caí
- Sinos
- Gravataí
- Guaíba (Ilhas, Cais e Orla)
- Camaquã
- Mirim-São Gonçalo (elevação da Laguna dos Patos com represamento por ventos sul e sudeste)
Visita do presidente Lula
Lula prestou solidariedade às famílias atingidas e prometeu ajuda ao estado, afirmando que não faltarão recursos e que o governo federal vai atuar em conjunto com o governo local.
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.
A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.