Avião com 47 voluntários parte de Viracopos para o RS
Entre os voluntários, havia:
- 21 profissionais da saúde do hospital Albert Einstein, entre médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e biomédicos.
- 11 bombeiros civis que vieram de estados do nordeste
- 9 profissionais da saúde que se cadastraram na Força Aérea Brasileira, entre médicos, psicólogos e um médico veterinário.
A bordo do avião, o g1 ouviu historias de quem largou família, casa e até o trabalho para ajudar as famílias atingidas pelas enchentes. Gaúcha de nascimento e enfermeira intensivista em São Paulo, Aline Dias Barbosa não pensou duas vezes quando soube do voo.
“Eu faço telemedicina também, mas nós percebemos o quanto estava sendo ineficaz manter essa distância. Eu senti que a gente precisava estar lá [no RS] presencialmente”, contou.
Veterana no voluntariado, Claudia Luz já atuou na linha de frente de outras tragédias, como o terremoto no Haiti e os deslizamentos no litoral norte de São Paulo. A vocação de ajudar o próximo, mais uma vez, veio à tona diante da tragédia nas cidades gaúchas.
“É um propósito que eu tenho de vida ajudar aquela pessoa que está precisando de ajuda dentro daquilo que a gente pode fazer, que é levar saúde”.
O médico veterinário José Walter da Silva Junior, de Alfenas (MG), se juntou a amigos e também embarcou para o Rio Grande do Sul.
“Estamos indo e não sabemos quando vamos voltar. A gente decidiu de última hora com o coração e pensamos: chegar lá a gente vê e faz o que for preciso. Estou indo como veterinário, mas qualquer outra área que for preciso realizar alguma ajuda, estou disposto”.
Ajudar quem está ajudando
Um ponto destacado pelos voluntários ao g1 é o esgotamento das equipes que estão, desde semana passada, na linha de frente. Por isso, a importância de novos profissionais chegarem na região atingida.
“A gente vem aqui para poder tentar ajudar a população gaúcha e também dar um descanso para os socorristas lá que há dias estão cansados, estão exaustos, estão tendo dificuldade. Nós temos técnicos de enfermagem, operadores de máquinas pesadas, guarda-vidas”, afirmou Paulo Moura, coordenador dos bombeiros civis.
Mesma percepção teve o médico Fábio Racci, especialista em medicina de desastres e líder dos voluntários do Albert Einsten. “Muitas vezes você tem os profissionais locais já quase que colapsando de tanta intensidade de trabalho que eles têm, estão fazendo o máximo que eles podem”.
“Então, a gente poder chegar, colaborar e dividir essa sobrecarga também é importante para poder oferecer à comunidade uma qualidade de atendimento”, disse Racci.
Aeronave com 3 toneladas em doações e grupo de voluntários saiu de Campinas para Canoas
Os voluntários não tiveram custo com o voo, que foi feito a partir de uma parceria entre a companhia aérea Azul e a Força Aérea Brasileira (FAB). Para isso, a base área de Canoas, que é uma unidade militar e não recebe voos comerciais, foi adaptada para receber os aviões.
“A base área tem uma estrutura muito boa e a operação, embora seja diferente, ela é muito parecida com as nossas operações normais”, explicou Fábio Campos, diretor da Azul e piloto da aeronave que levou os voluntários.
Além de voluntários, a aeronave que partiu de Campinas neste sábado levou três toneladas de doações, entre cobertores, alimentos e medicamentos.
De acordo com boletim da Defesa Civil divulgado neste sábado (11) registra 136 mortes, 125 desaparecidos e 756 feridos.
O estado ainda registra 441,3 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 71,3 mil pessoas em abrigos e 339,9 mil pessoas desalojadas (na casa de parentes ou amigos). Do total de 497 municípios gaúchos, 444 relataram problemas decorrentes da chuva.