O presidente da Argentina, Javier Milei, já foi chamado de El Loco, mas está a caminho de perder o apelido. Depois de quatro meses de governo, ele conseguiu uma vitória legislativa que lhe deu um instrumento cobiçado por políticos de todas as cores: governar por decreto durante um ano. Mas não foi só.
Mesmo desidratada, a versão que ele conseguiu fazer passar na Câmara dos Deputados Argentina permitirá a privatização de grandes estatais, o fim de regimes fiscais especiais e a dissolução de dezenas de órgãos públicos.
A vitória política de Milei, ainda que parcial, ganha destaque devido a dois fatores. A miséria na Argentina está aumentando, e ele está em minoria no Legislativo. Ocorre que El Loco costurou a aprovação de seu pacote através do que outros políticos na sua vizinhança — geográfica e ideológica — não conseguiram. Articulou com líderes partidários de oposição, combinou com governadores.
Em outras palavras, Milei chamou a classe política de casta, xingou os partidos, mas foi fazendo política que chegou à primeira vitória significativa.
El Loco conseguiu, por enquanto, o que sua trajetória anterior sugeria ser pouco provável. Com uma minoria no Legislativo, saiu de lá como um superpresidente.
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