Os bancos de fomento, especialmente o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), são agentes importantes para mudar a visão que o resto do País tem do Nordeste e, principalmente, dotar a Região de um novo modelo de desenvolvimento, segundo afirmou a economista Tania Bacelar.
“O grande desafio do futuro é como desmanchar a imagem do passado. A imagem do Nordeste é de Bolsa Família. O Nordeste migrante também ainda é forte. E os bancos contribuem muito para mudar. BNB e BNDES tiveram e ainda vão ter uma participação muito grande para essa agenda de futuro do Nordeste”, afirmou durante a 54ª Assembleia Geral da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento (Alide).
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Ex-diretora da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), ex-secretária nacional de Políticas Regionais e sócia da Ceplan Consultoria Econômica, Tania é uma das vozes mais respeitadas quando o assunto é desenvolvimento do Nordeste.
Política de crédito como ferramenta
Na prática, apontou ela, os bancos de fomento devem atuar a partir das linhas de financiamento e políticas de crédito. Ela defende que as instituições promovam melhores condições para novas experiências produtivas da Região, que envolvem diversos setores produtivos.
”Os padrões de financiamento precisam dialogar com o futuro. No meio de uma transição digital, climática, demográfica… Os padrões de financiamento precisam dialogar com essa nova demanda”, analisou.
Transições
Atenta aos debates sobre o Meio Ambiente, Tania apontou a caatinga como um bioma ainda pouco explorado, no qual iniciativas para o desenvolvimento de cosméticos e fármacos podem ser experimentados, a exemplo do que acontece na Amazônia. A formação do Fundo Caatinga, em debate, pode ajudar nessa perspectiva, segundo ela.
Ela observa que a mudança do analógico para o digital e do agro químico para o biológico merecem atenção dos bancos e aconselha observar a chamada economia regenerativa.
Expertise
Sobre a expertise, Tania Bacelar afirmou que o conhecimento local é um dos pontos fortes, especialmente do Banco do Nordeste. O Crediamigo, programa de microcrédito orientado urbano da instituição, é considerado por ela um exemplo do que pode ser feito na economia criativa.
“Quem conhece esse tecido de pequeno empreendedor sabe que não é fácil chegar lá com financiamento. Como os dois são muito informais, os bancos ficam na retaguarda. O que a gente está fazendo com o Crediamigo pode estar fazendo com economia criativa”, defendeu ao citar o Brasil como referência cultural no mundo e o Nordeste como referência no País.
Desafios e o papel federal
Com essa iniciativa de pensar o futuro em diversas frentes, disse, o Nordeste será referência quando o Brasil assumir o compromisso de pensar essas áreas como País, como já ocorre na fruticultura e na energia renovável.
No entanto, há grandes dificuldades a serem superadas. A Região ainda figura em destaque quando o assunto é baixa renda e pouco emprego formal.
“Todo mapa de dados sociais, o endereço é Norte e Nordeste. A herança é muito pesada. Apesar de tudo que falei, somos 30% da população e menos de 15% da produção. Esse hiato é um entrave para colocar as pessoas na produção ativa do país”, lamentou.
Perguntada se o Governo Federal já tem essa visão nova do Nordeste, ela disse que ainda enxerga um entendimento antigo em algumas frentes. No entanto, diz “que o governo é importante, mas não basta” para mudar essa visão do Nordeste, e defende o papel fundamental dos bancos associada à iniciativas econômicas inovadoras, desempenhadas pelo setor produtivo.
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Apoio a startups rende prêmio internacional ao Banco do Nordeste
O Banco do Nordeste (BNB) recebeu da Associação Latino-Americana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento (Alide) prêmio em reconhecimento às boas práticas de informação, assistência técnica e responsabilidade social pelo Programa de Educação Empreendedora, lançado em 2021.
“Temos como um dos focos prioritários o microempreendedor e temos oportunidades para aqueles que começam a empreender, que querem fazer diferença, que recebem do BNB os recursos e a devida orientação para que sejam bem aplicados. Fazemos isso com uma equipe que busca soluções inovadoras e que está bem conectada às boas práticas que acontecem no mundo”, comemorou Paulo Câmara, presidente do BNB.
A premiação ocorreu na noite de ontem, 16, durante a 54ª reunião anual da Alide, que segue até hoje, 17.
Pelo Programa Educação Empreendedora, em 2023, o BNB assinou o contrato de financiamento de recursos não reembolsáveis no valor de R$ 2,4 milhões com a empresa Casa Azul Ventures. Os valores foram utilizados na aceleração de 60 startups instaladas na área de atuação do banco, que compreende os estados nordestinos e parte de Minas Gerais e Espírito Santo.