O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta quarta-feira (15), em discurso, os voluntários que estão ajudando a resgatar famílias atingidas pelas maiores chuvas da história do Rio Grande do Sul – e aqueles que se dedicam a resgatar e abrigar os animais afetados pela catástrofe.
“A gente pode ter certeza que um país que pode dispor de uma quantidade enorme de mulheres, adolescentes, homens, pessoas mais novas e mais velhas, que se dedicam a fazer gestos de solidariedade, sair de uma cidade para a outra, deixar seu conforto para ir para a amargura do outro. A gente tem que dizer: ainda bem que a gente continua acreditando que é possível a gente ter uma humanidade mais humana, sensível, fraterna, solidária”, disse.
No mesmo discurso, Lula criticou o que chamou de “nojeira das fake news”, em referência às notícias falsas que têm sido disseminadas sobre a crise no estado – e que, inclusive, têm atrapalhado as missões de resgate e atendimento às vítimas.
“É possível, apesar da nojeira da fake news, da nojeira do comportamento de uns vândalos que não fazem política, não discutem política, não querem argumento. Só querem destratar a vida dos outros, ofender as pessoas, achincalhar as pessoas. Esse tipo de gente, eu tenho certeza que depois desses milhões de voluntários, vão ser banidos da política brasileira.”
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‘Tanta gente negra no RS’
Ainda no discurso no RS, Lula disse que se espantou com a “quantidade de gente negra” no Rio Grande do Sul. O presidente governou o país entre 2003 e 2010, e foi eleito em 2022 para um terceiro mandato.
“Eu falei para a Janja domingo: é impressionante, eu não tinha noção que no Rio Grande do Sul tinha tanta gente negra. E no Fantástico [da TV Globo] apareceu muita gente, eu falei ‘não é possível'”, relatou Lula.
E aí, a Janja me falou: ‘É porque são os mais pobres, que moram nos lugares mais arriscados de serem vítimas dessas coisas'”, prosseguiu.
Em outro momento, disse que, para quem perdeu tudo nas chuvas, os abrigos montados nas cidades acabam sendo “uma espécie de paraíso”.
“Eu fico imaginando essa gente que tá aí. Mulheres com crianças, mães que não têm marido, que têm dois, três fillhos, que perderam sua casinha. Qual a expectativa que eles têm? Hora que secar, que tiver que voltar, vou voltar pra onde? Não existe mais o lugar que eu ficava, se existe, tá quase insuportável”, descreveu.
“Então, termina sendo o abrigo uma espécie de paraíso. ‘Não tenho para onde ir, pelo menos aqui eu tô segurado, recebendo comida, água, assistência médica, assistência social’. E quando terminar? O prefeito fala ‘olha, a água foi embora, a cidade tá limpa, cada um volta para sua casa’. Alguns voltarão, e outros perguntarão: ‘Que casa?”, disse Lula.
Lula pediu, ainda, que os prefeitos sejam ágeis ao apresentar os projetos de reconstrução dos municípios. O ritmo de liberação do governo federal, segundo o presidente, dependerá desses projetos.
“A agilidade de vocês de apresentar propostas e projetos é que vai mostrar pra gente se a Caixa Economica está morosa ou não, se tem burocracia ou não. Os projetos têm que ser imediatos”, afirmou.