Tragédias como as inundações no Rio Grande do Sul têm impacto político imediato. Para o bem ou para o mal. Cai mal quando o governante demonstra inação, alheamento. Férias não interrompidas são o erro mais comum. Em outubro do ano passado, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), errou feio. Enquanto o estado era atingido por um ciclone extratropical, ele tirava o pé do chão em show de Ivete Sangalo, em São Paulo.
Aprendeu apanhando. E agora, ele que é o principal nome da minguada galeria de nomes tucanos para o Planalto em 2026, vem conseguindo aparecer bem desde o começo. Tem a favor a simpatia de segmentos importantes dos veículos de imprensa nacionais. Está dias seguidos na TV. Para além do bolsonarismo tacanho, movido a molecagens no estilo Ricardo Salles – o ex-ministro de Bolsonaro que associou o ex-senador também tucano José Serra ao “Tio Paulo”, o homem encontrado morto na agência bancária – Leite agiu com postura de estadista. É o certo, é o básico, mas anda em falta no Brasil de hoje.
Lula se moveu
Lula também agiu. Telefonou para o governador e se pôs ao dispor do adversário político. O governador Leite atendeu, agradeceu a atenção e recebeu o presidente. Já o político Leite fez política. Ao informar a Lula pelo telefone, em conversa postada, já ter conversado àquela hora, na quarta-feira, com três ministros – José Múcio (Defesa), Paulo Pimenta (Comunicação) e Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional) – deixou no ar a ideia de demora. Mas não apenas. Leite deu tom de cobrança ao postar falando em rogar para as Forças Armadas seguir com as opções de resgate ao longo da madrugada, por incapacidade das aeronaves estaduais. Rogar é um verbo forte.
Eduardo Leite pode sair maior
Na sexta-feira, diante do anúncio de sobrevoo de Lula, atitude clássica em situações assim, Leite postou na sua conta no Instagram, antes de embarcar para Santa Maria, município em situação crítica, ser o momento não para “sobrevoos simplesmente”, mas para articulação de esforços. Noutros termos, chamou para si o papel de gestor.
Pela dimensão da tragédia e também pela política, Lula foi ao Rio Grande do Sul. E nem sobrevoou, por alegadas razões climáticas. Teve a tal reunião de trabalho e marcou posição. Após o encontro com Leite, anunciou uma sala de emergência no Palácio do Planalto para acompanhamento das ações e prometeu dinheiro para o estado.
A pandemia elevou o capital político de Camilo Santana no Ceará. Conforme siga a conduzir o Governo gaúcho, Eduardo Leite sairá maior das cheias.
ESTRATÉGIA
EY Brasil atenta à economia verde no Ceará e no mundo
O CEO da EY Brasil, Luiz Sergio Vieira, tem relação afetiva com o Ceará. Ele é cearense. Mas a despeito disso, o mercado local é estratégico hoje como nenhum outro na região. Cerca de 70% do peso da companhia no Nordeste sai do Ceará. A operação no Estado possui um time de 200 profissionais. Na pré-pandemia eram menos de 90. A equipe não atende apenas a carteira de cerca de 50 clientes locais. O modelo de trabalho da EY, diz Luiz Sérgio, otimiza o atendimento conforme as demandas. Além de Fortaleza, a antiga Ernst & Young tem base em Recife e Salvador.
Luiz Sérgio alerta para a necessidade de o País se posicionar no mercado internacional de energia limpa, ao tempo em que o mundo se move na busca por indicadores positivos. “Temos a matriz energética mais verde do mundo e as empresas precisam honrar seus compromissos de sustentabilidade”, alerta, ante o potencial do Ceará, vide a agenda de protocolos de intenção para investimentos em Hidrogênio Verde. Bioeconomia e Inteligência Artificial (IA) são dois pontos de atenção da EY Brasil. Na COP 28, lançou o EY Nature Hub, um centro de soluções de negócios destinado a vender soluções para empresas e governos.Mira em quem depende do uso intensivo de recursos naturais. Tem gestão em São Paulo, espaço físico em Belém e um escritório de captação nos EUA.
DEIXA ISSO PRA LÁ
Em ano de eleição, ninguém fala em arrocho das contas
O quadro de penúria nas contas públicas pelo País não vem acompanhado de ajustes fiscais rigorosos. Nem União, nem estados e tampouco municípios Brasil afora vem fazendo gestos no sentido de apertar as contas, cortar despesas e, assim, exibir ao distinto público, perspectivas de dias melhores. Despesas corporativas em viagens internacionais do presidente da República, necessárias, mas por vezes com tom de frivolidade, compõem o retrato. No estados, a criação de novos órgãos idem. Em ano eleitoral, aliás, melhor esquecer qualquer medida antipática. O ano é de sorrisos.
JUSTIÇA DO TRABALHO
Cobrança por metas gera condenação no Ceará
A Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT-CE) confirmou a condenação da empresa C.R.C.B por assédio moral a uma de suas empregadas. A trabalhadora pediu indenização por ter sido exposta a alegadas situações humilhantes e vexatórias, por tratamento desrespeitoso, além de rigor excessivo na cobrança de metas. O TRT-CE, por meio do Programa Trabalho Seguro (PTS) e do Comitê de Combate ao Assédio da Justiça do Trabalho do Ceará, diz que divulga o caso como forma de chamar atenção para o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral no Trabalho, na quinta-feira passada,2
CÃO E GATO
Dois serviços de atendimento a animais devem se unir
Em boa hora o Governo do Estado anunciou a primeira unidade do Pet Ceará Móvel, entregue na manhã de sexta-feira, anteontem. Itinerante, o serviço vai ficar disponível no Parque Dom Aloísio Lorscheider, no bairro Itaperi, até o dia 18. O governador Elmano de Freitas (PT) e o secretário da Proteção Animal, David Rattacaso, foram lá entregar. Como a Prefeitura também oferece serviço semelhante, em nome da comunidade de cães e gatos, a Coluna sugere que haja diálogo entre ambos. Nos anos 1990, a Cidade tinha dois serviços de ambulância, o GSU dos Bombeiros e o Fortaleza 192 da Prefeitura. Era comum os dois serem acionados para uma mesma ocorrência. Até que pariu-se o Samu.
ATÉ 53,97%
Juros no cartão menos sufocantes, mas ainda sufocam
As principais instituições financeiras do País estão cobrando percentuais para a dívida do cartão de crédito entre 26,03% e 53,97% do valor original para 99% das operações. Varia de acordo com a instituição. Segundo o Banco Central, os percentuais estão entre 73,97 e 46,03 pontos percentuais abaixo do teto de 100% estabelecido pela nova lei. O novo teto vigora desde janeiro, incluindo encargos, e não pode ultrapassar o dobro do valor original. O BC lançou um indicador mensal em março. A Febraban acredita que o novo teto derreterá o “efeito bola de neve de juros sobre juros”.
HORIZONTAIS
Alphaville – O Terras Alphaville Ceará 3 começou o processo de cessão do terreno de 1 mil m2 para a implantação da sede de um batalhão da PM. Mas aceita-se um quartel que seja – “subunidades, seções ou pelotões”, diz o texto enviado aos condôminos.
Fiat lidera – A Fiat encerrou o quadrimestre com a liderança no mercado brasileiro tanto no acumulado do ano como também repetiu a façanha no encerramento de abril. No último mês, a marca obteve 20,2% de market share e 42.096 emplacamentos, um crescimento de 15,9% no volume de vendas comparado a março. Entre os 10 mais vendidos do Brasil, tem a Strada na vice-liderança com 11.497 emplacamentos; Argo na quarta posição, com mais de 8.599 carros vendidos; e o Mobi em nono lugar com 5.420 unidades.
Psico – A OAB-CE realizará na terça-feira, 7, às 8h30min, no Plenário da Ordem, Audiência Pública sobre a “Implementação da Lei sobre a prestação de serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica do Ceará”.
Remédio na Justiça – A Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) assegurou o fornecimento do medicamento Esilato de Nintedanibe a um paciente portador de fibrose pulmonar idiopática. O pedido havia sido negado pela 10ª Vara da Justiça Federal no Ceará. O prazo para cumprimento da decisão é de 30 dias. Já a continuidade da entrega da medicação ficou condicionada à apresentação periódica de laudo médico atualizado, a cada três meses. A despesa anual estimada para o tratamento chega a aproximadamente R$ 300 mil.
Pequenos valores – O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) vai liberar, a partir da próxima quarta-feira, 8, um total de R$ 368.500.133,66 em Requisições de Pequeno Valor (RPVs). O dinheiro corresponde às RPVs autuadas no mês de março e irá beneficiar 39.793 pessoas em toda a 5ª Região – Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O Ceará é o segundo em valores. Ao todo, R$ 82.235.512,44 serão destinados a 6.647 pessoas. Pernambuco receberá o maior valor: R$ 84.113.639,89 para 9.108.
Consulta – A B3 abre consulta pública para apresentar nova proposta de evolução das regras do Novo Mercado, segmento com as empresas comprometidas, voluntariamente, a cumprir práticas de governança mais rigorosas do que as exigidas pela Lei. Qualquer interessado no tema pode acessar. Começou na quinta-feira e vai até o dia 2 de agosto.
60 mil bolsas – O Santander Universidades está com inscrições abertas para a 5ª edição do Santander Coders. Em parceria com a Ada Tech, plataforma de educação, o espanhol vai conceder 60 mil bolsas para um curso digital introdutório para Front-end, Data Engineering, Data Science ou DevOps. Os 300 bolsistas de melhor desempenho no processo seletivo terão acesso a uma formação completa em um dos cursos. As inscrições vão até o dia 19.
Penúria – A notícias de que o País tem hoje menos de dois contribuintes para cada beneficiário da Previdência Social deveria ser a baliza para tudo o mais que se faz no Governo Federal. Mas não é. E a partir de 2051, haverá mais segurados do que pessoas contribuindo ao sistema. Noutros termos, uma catástrofe. O estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) só traz preocupações.