Fui rigoroso na demissão. Não negociei. A gente prega muito por isso, ainda mais o Vasco. Abominamos o desrespeito. Fiquei arrasado, totalmente destruído.
É injustificável. Ele já estava meio nervoso com a arbitragem, se perdeu um pouco, e em ato impulsivo, deu aquele empurrão para [a jogadora] ficar dentro da quadra. A partir daquele momento, o juiz o desclassificou. Aí tive que apagar os incêndios todos.
Ele ficou muito atordoado. Tem 20 anos de profissão, o grupo adora ele, mas a partir daquele momento, daquela cena, não tinha o que fazer. Pedi para que ele saísse da quadra. Naquele momento foi decretado W.O. Ele saiu da quadra, foi para os fundos. Me dirigi a ele, desliguei, pedi para ir para casa dele.
O que me restou foi dar toda a atenção para os pais e para as atletas. Fiz reunião com as meninas e os responsáveis, me coloquei à disposição. Algumas meninas quiseram falar. Expliquei que nossos valores não são negociáveis, respeito e dignidade. Recebi contrapontos das próprias atletas, ‘a gente sabe que André errou, mas a gente gosta dele, foi um fato isolado’. Ele tem o grupo nas mãos. A partir daí tive que ser bem enfático, expliquei que não estava dando o direito para elas de decidir, que naquele momento elas talvez não entendessem, mas que ele já tinha sido desligado.
O grupo de pais me apoiou integralmente, não esperavam outra coisa. Alguns pais até tiveram uma certa tolerância, entenderam que as filhas deles queriam a continuidade no André. Talvez estejam chateadas comigo, mas os pais me deram razão. Coloca até o projeto em risco, pela gravidade disso.
O pai [da jogadora agredida] veio falar comigo, teve empatia. A Bia nem estava muito sentida, a mãe [dela] disse que já conversou com o Andre, que não ia registrar nenhum tipo de B.O por agressão, porque a maior punição é a consciência dele. Conheciam ele. A Bia, a agredida, jogou [a segunda partida do dia], entrou em quadra como se nada tivesse acontecido.