Ata do Copom em março já indicava cortes menores. Em avaliação sobre a conjuntura, o Comitê afirmou à época que o ambiente externo seguia volátil. “Alguns membros argumentaram ainda que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”, afirmou o Copom.
Mercado externo deve ser fator importante no Copom. Para João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão, o BC parece “relativamente confortável” com a atual diferença de juros entre Brasil e Estados Unidos, sem a capacidade de ir além, caso o processo desinflacionário não se concretize no exterior.
As notícias desde a última reunião do Copom vieram mais preocupantes para a perspectiva da inflação, tendo em vista a taxa de câmbio mais depreciada, elevação dos preços das commodities e indicadores do mercado de trabalho mais fortes do que esperado. Então, o conjunto dessas três informações, com também um cenário de maior volatilidade no contexto internacional, devem fazer com que o Copom seja mais cauteloso e reduza o ritmo de cortes.
Ricardo Faria, sócio da Legend
Fed deve começar a cortar juros apenas em setembro
Economia resiliente deve manter taxa elevada nos EUA por mais tempo. Foi o que afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, durante o Washington Forum sobre a economia do Canadá, em abril. Por lá, o Federal Reserve vem postergando a redução da taxa, observando o comportamento da inflação. Em fevereiro, a inflação anual do país ficou em 0,4%, aumento de 0,1 ponto percentual sobre o mês anterior.
EUA foram umas das últimas economias a subirem juros no pós-pandemia. Esse movimento levou ao aumento acelerado nos preços e uma dificuldade de controlar a inflação no país. Na semana passada, o BC americano manteve os juros no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, mesmo patamar desde julho de 2023. “O panorama econômico é incerto, e o Comitê permanece altamente atento aos riscos de inflação”, afirmou o Fed.