Recuperação extrajudicial foi feita por causa da emissão de debêntures; proposta foi apresentado ao mercado na noite de domingo (28.abr)
A Casas Bahia anunciou neste domingo (28.abr.2024) um acordo de recuperação extrajudicial com os seus principais bancos credores. Segundo a companhia, a proposta preserva um total de R$ 4,3 bilhões no caixa até 2027.
Do valor reduzido em economia com desembolso, R$ 1,5 bilhão será só em 2024. O plano foi detalhado em uma apresentação ao mercado. Eis a íntegra (PDF – 358 kB).
As negociações se dão pela emissão de 4 séries de debêntures (títulos de dívida de médio e longo prazo emitidos por empresas) e também por causa de CCBs (Cédulas de Crédito Bancário) lançados aos bancos.
As 4 séries de debêntures serão transformadas em duas:
- série 1 – soma R$ 1,5 bilhão (37% dos débitos). Será paga com taxa CDI + 1,5%. A carência de juros dura 24 meses e a principal, 30 meses. Os pagamentos serão semestrais depois da carência. A maior parcela será paga em novembro de 2029;
- série 2 – soma R$ 2,6 bilhões (63% dos débitos). Os credores poderão 1) converter esse valor em ações se mantiverem as mesmas regras para operações que não entrem na recuperação extrajudicial ou 2) receber o pagamento até 2030 com CDI + 1,0% ao ano.
Carência de juros é um período pré-estabelecido em contratos de empréstimos em que o devedor não precisa pagar os juros. Ou seja, na série 1 a Casas Bahia tem ao menos 24 meses para pagar as dívidas sem os acréscimos e economizar com isso.
Já na série 2, as vantagens para a empresa na opção 1 vem porque as dívidas de fora também terão os mesmos benefícios diferenciados da recuperação. Já na opção 2, os créditos serão pagos de forma mais lenta e amortizada pela taxa mais baixa.
A CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma taxa de juros usada no Brasil como referência para diversos investimentos e empréstimos entre bancos. No fechamento do mercado de 6ª feira (26.abr), estava em 10,65% ao ano.
Esse plano trará uma economia de aproximadamente R$ 60 milhões ao ano em juro da dívida. O prazo médio de pagamento era de 22 meses para 72 meses. Além disso, o custo total ficou CDI + 1,20%. Antes, era de CDI + 2,7%.
“A nova estrutura de capital melhora a perspectiva de crédito e traz flexibilidade na relação com fornecedores, seguradoras e futuros credores”, diz o texto apresentado ao mercado.